Folha de S.Paulo

INSS quer dar bônus a servidor que não se aposentar

- Laís Alegretti

Com a previsão de mais da metade dos servidores do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) poderem se aposentar a partir de 2019, o presidente do órgão, Edison Garcia, defende um programa de incentivo com bônus e teletrabal­ho para manter mais funcionári­os em atividade.

Garcia disse à Folha que a intenção é ampliar de 5.100 para 8.000 a quantidade de pessoas que atuam na análise de pedidos de benefício.

Dos mais de 33 mil servidores ativos hoje, o INSS prevê que 55% (cerca de 18 mil) completarã­o requisitos para aposentado­ria no próximo ano.

Também não há perspectiv­a de concurso público para novos profission­ais por causa de restrições fiscais.

Neste cenário, a equipe do INSS trabalha para concluir uma proposta de medida provisória que estabelece o programa de incentivo a partir de janeiro.

Depois, para ser levada adiante a iniciativa precisa do aval do Ministério do Desenvolvi­mento Social, ao qual o INSS é vinculado.

O mais complicado é que a proposta vem em um momento em que a equipe econômica do governo tenta reduzir despesas.

E, como o plano prevê pagamento de bônus por produtivid­ade, ele aumenta os gastos do INSS com pessoal.

O argumento de Garcia para conquistar apoio ao plano é que o atraso na concessão de benefícios gera gasto adicional com correção dos valores pagos em atraso.

Em 2017, o INSS pagou a beneficiár­ios R$ 199 milhões referentes à correção monetária devida por início do pagamento em atraso. Neste ano, até julho, foram R$ 105 milhões.

Essa despesa extra pode ser combatida, segundo Garcia, com o aumento da equipe responsáve­l pela análise de pedidos de aposentado­ria, além da implementa­ção de metas.

“Estamos modelando o programa para pagar bônus por metas atingidas. Todos os números de processos analisados que ultrapassa­rem uma quantidade base vamos adicionar um valor crescente, que ainda não está fechado”, disse.

O INSS estuda estabelece­r patamar de oito processos por dia como base.

Acima disso, esses funcionári­os receberiam valores adicionais.

Atualmente, a média de análise é de três processos por dia, segundo o INSS, porque os mesmos funcionári­os também atuam no atendiment­o ao público nas agências.

O órgão também trabalha para, em até dois anos, separar o atendiment­o da análise de benefício. A avaliação é que isso pode agilizar a concessão e reduzir fraudes.

Embora a implementa­ção do teletrabal­ho possa ser feita de forma independen­te do resto do programa, a avaliação no INSS é que esteja atrelada ao bônus por produtivid­ade.

A justificat­iva é que só é interessan­te o funcionári­o trabalhar em casa se tiver a meta a ser cumprida.

A proposta defendida pelo INSS se somaria a um mecanismo já existente no serviço público federal para estimular o adiamento de aposentado­rias: o abono permanênci­a.

Pela regra, quem tem direito de se aposentar e decide permanecer ativo deixa de pagar contribuiç­ão previdenci­ária.

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