Polícia vê omissão em fogo que matou 10 em GO
A Polícia Civil de Goiás indiciou, nesta segunda (27), 13 servidores públicos sob suspeita de homicídio culposo em um incêndio em que 10 adolescentes morreram no Centro de Internação Provisória, em Goiânia, em maio.
Segundo a polícia, eles agiram com negligência, já que, depois de verem o fogo, demoraram quatro minutos para começar a apagar as chamas e tentar salvar as vítimas.
De acordo com a investigação, os adolescentes atearam fogo a um pedaço de colchão dentro de um dos alojamentos e o jogaram no corredor como protesto, na manhã de 25 de maio, após um interno ser levado para outra unidade.
Nove adolescentes morreram no CIP, que funciona dentro do 7º Batalhão da Polícia Militar. Outro jovem morreu, com 90% do corpo queimado, 20 dias depois, no hospital.
Segundo o delegado Hellyton Carvalho, foram indiciados a coordenadora, os socioeducadores e os agentes de segurança que trabalhavam no dia do incêndio.
De acordo com Carvalho, o fogo foi constatado por volta das 11h10 e só quatro minutos depois os agentes passaram a tentar combatê-lo. “O procedimento operacional padrão deles diz que deveriam agir prontamente”, disse.
Segundo Carvalho, os servidores disseram em depoimento que começaram a combater o fogo assim que perceberam as chamas.
No entanto, para o delegado, as imagens do circuito interno de segurança contestam a versão apresentada pelos responsáveis pela unidade, mostrando que eles só passaram a agir quatro minutos depois, com baldes de água. “Todos disseram que não encontraram extintores”, afirmou.
O delegado disse, ainda, que os servidores deveriam ter chamado os bombeiros imediatamente. “O Corpo de Bombeiros só foi acionado às 11h27”, por um policial, disse.
A Secretaria Cidadã, responsável pelo sistema socioeducativo em Goiás, informou que concluiu uma sindicância e afastou os 13 servidores de suas funções. O órgão acrescentou que instituiu uma comissão de processo administrativo disciplinar para aprofundar a apuração e punir possíveis culpados.