Folha de S.Paulo

Santos dorme sem saber placar que precisa

Conmebol divulgará resultado de julgamento por escalação irregular de Carlos Sánchez até as 13h desta terça-feira (28)

- Diego Garcia Ivan Stort / Santos FC

Menos de 24 horas antes de entrar em campo para enfrentar o Independie­nte (ARG), no Pacaembu, às 19h30, pelo duelo de volta das oitavas de final da Libertador­es, o Santos não sabia que resultado precisaria para se classifica­r às quartas de final.

A partida de ida, na Argentina, terminou em empate por 0 a 0, mas o resultado poderia ser alterado pela Conmebol.

O clube brasileiro é acusado de ter escalado o meia Carlos Sánchez de forma irregular.

O atleta foi expulso em jogo da Copa Sul-Americana de 2015, quando defendia o River Plate e, pelas regras da Conmebol, precisaria cumprir suspensão no último dia 21.

Se o tribunal decidisse punir o Santos, o Independie­nte seria declarado vencedor do jogo de ida por 3 a 0.

A análise durou longas seis horas, e se estendeu durante toda a tarde desta segunda (27). A sessão ocorreu na sede da Conmebol, no Paraguai. Segundo a entidade, a decisão será anunciada até as 13h, pelo horário de Brasília.

O time argentino chegou no fim do dia ao Brasil. E se concentrou na Grande São Paulo.

Em caso de revés, o Santos precisaria ganhar por quatro gols de diferença nesta terça para se classifica­r às quartas de final da Copa Libertador­es.

No âmbito jurídico, o clube ainda poderia acionar o Tribunal de Apelações, que atua como segunda instância na Conmebol, para tentar reverter a decisão da entidade.

Se o resultado da ida for mantido, a equipe brasileira necessita apenas de uma vitória simples para avançar na competição continenta­l.

Em sua defesa, o Santos alega que agiu de boa-fé no caso, da mesma forma que aconteceu com o River Plate e o meia Bruno Zuculini, exemplo dado pelo time brasileiro para manter o resultado de campo.

O argentino atuou de forma irregular em sete partidas da Libertador­es deste ano. Ele estava suspenso por uma expulsão na Sul-Americana de 2013, quando estava no Racing. Quando o caso foi revelado, a Conmebol afirmou que o River Plate não seria punido com perda de pontos.

A diferença para o caso do Santos é que o River consultou a entidade por escrito sobre a condição de jogo do atleta. A organizado­ra da Libertador­es reconheceu um “erro administra­tivo” no caso e absolveu a equipe argentina.

O Santos não enviou ofício à Conmebol para saber se o jogador tinha alguma punição disciplina­r antes de escalar Sánchez. Ao invés disso, acessou o sistema Comet, mantido pela própria confederaç­ão, e constatou que o uruguaio tinha condições de jogo.

O software foi criado em 2016 e não registra punições anteriores a essa data. Na época, a CBF (Confederaç­ão Brasileira de Futebol) foi avisada pela Conmebol de que os clubes deveriam fazer consultas por escrito sobre as condições de jogo dos atletas.

O Santos não é o primeiro clube do futebol brasileiro a ter resultados de campo ameaçados pelo tribunal da Conmebol. No ano passado, a Chapecoens­e perdeu os pontos da vitória por 2 a 1 sobre o Lanús pela escalação irregular do zagueiro Luiz Otávio.

A decisão da entidade sulamerica­na eliminou a equipe brasileira do torneio e beneficiou o time argentino com vitória por 3 a 0 naquela partida. O time avançou na competição e foi vice-campeão.

Enquanto esperava a decisão da Conmebol nesta segunda, o Santos sofreu uma derrota na Justiça de São Paulo que resultará em prejuízo financeiro para o clube.

O juiz Alexandre Bucci ordenou a penhora de 30% da renda líquida da partida contra o Independie­nte por uma dívida de R$ 8 milhões do Santos com o agente Giuliano Bertolucci.

Todos os 37.900 ingressos colocados à venda para o jogo desta terça já estão vendidos de forma antecipada.

O magistrado também determinou a penhora de R$ 9.580.633,33 dos valores da venda do meia Felipe Anderson, que saiu da Lazio e foi ao West Ham por 40 milhões de euros (R$ 180 milhões) —pelo acordo firmado, o Santos tem direito a 25% da transação, mais 3% por ser o clube

formador do atleta.

Procurado pela Folha ,o Santos informou que já foi notificado da decisão da Justiça paulista e mandou seu departamen­to jurídico a São Paulo para tentar desfazer a penhora dos valores.

O empresário cobra R$ 8,2 milhões do Santos por conta de um empréstimo de R$ 6.163.600 feito ao clube no ano passado, durante a gestão de Modesto Roma Júnior.

Bertolucci fez um contrato de mútuo com o time paulista no dia 3 de março de 2017.

Pelo acordo, o Santos deveria restituir o empresário até 31 de dezembro de 2017, já com correções monetárias e juros de 0,9% ao mês, além de multa de 10% em caso de inadimplên­cia mais juros de 1% ao mês até o efetivo pagamento.

Como o clube não quitou a dívida, o empresário tentou um acordo com o novo presidente José Carlos Peres, mas o cartola não quis conversar. Assim, o agente foi à Justiça.

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O meia uruguaio Carlos Sánchez, pivô do imbróglio do Santos com a Conmebol
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