Folha de S.Paulo

Presidenci­ável sofre críticas por ter dito que usou arma na infância

- Anna Virginia Balloussie­r

Uma entrevista em que disse contar com uma espingarda na infância para se defender contra possíveis ataques sexuais virou munição virtual contra Marina Silva. Sim, quando eram crianças, Marina levava uma espingarda, ela e as irmãs, quando iam cortar seringa no Acre. Com tantos homens na atividade, a mãe achou por bem lhes dar algum tipo de proteção. E sim, a presidenci­ável da Rede é crítica da flexibiliz­ação do desarmamen­to —um “retrocesso”, como não se cansa de repetir. Uma coisa não anula a outra, muito pelo contrário, diz a ex-senadora à Folha após ser atacada por movimentos conservado­res, muitos deles próJairBol­sonaro.O rivaldoPSL não tem desculpa para, “em pleno século 21”, achar que crianças deveriam aprender a atirar, afirma. A polêmica começou após uma entrevista dela à revista Marie Claire ser resgatada por grupos como MBL e reproduzid­a por Eduardo Bolsonaro, filho de Jair. Marina respondia se já sofrera violência sexual: “Nunca. Quando éramos crianças, tínhamos uma espingarda. Eu e minhas irmãs a levávamos para cortar a seringa. [...] Minha mãe tinha medo por ser um espaço dos homens”. A mesma Marina que, na sexta (24), escreveu no Twitter “criança porta livro, não arma”, num ataque a Bolsonaro —que na véspera havia dito que “não podemos criar uma geração de covardes”. É “até compreensí­vel” que a mãe “tivesse a ilusão de que uma espingarda, na maioria das vezes sem cartucho”, fosse ajudar. Agora, “é inadmissív­el” que apoiadores de Bolsonaro queiram “lançar isso no rosto de alguém que na época tinha de 10 para 11 anos”, diz.

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