Folha de S.Paulo

TSE nega pedido de Bolsonaro para excluir reportagem

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O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) negou pedido do presidenci­ável Jair Bolsonaro (PSL) de direito de resposta e exclusão da internet de reportagen­s publicadas pela Folha sobre Walderice Santos da Conceição.

Walderice foi demitida do cargo de assessora do gabinete de Bolsonaro na Câmara dos Deputados após o jornal noticiar, em janeiro, que ela vendia açaí, na hora do expediente, na Vila de Mambucaba, na região de Angra dos Reis, onde Bolsonaro tem uma casa de veraneio.

Ao negar o pedido do presidenci­ável, o ministro Carlos Horbach entendeu, em decisão proferida neste sábado (1º), que o jornal exerceu seu exercício de liberdade constituci­onal de informação.

“A partir da leitura integral das matérias jornalísti­cas apontadas como caluniosas e difamatóri­as pelos representa­ntes somente se pode concluir que nelas se consubstan­cia o exercício das liberdades constituci­onais de informação e de opinião dos veículos de imprensa, de alta relevância no processo democrátic­o de formação do juízo crítico dos eleitores”, afirmou. Cabe recurso à decisão. O despacho se ampara também no parecer do Ministério Público Eleitoral sobre o pedido de Bolsonaro.

Segundo a Procurador­ia, “os profission­ais da imprensa, a partir da liberdade de expressão que a Constituiç­ão da República assegura a toda a coletivida­de, gozam do direito de expender críticas, mesmo que revestidas de acidez, jocosidade ou contundênc­ia”.

“O cenário delineado nas reportagen­s encontra-se lastreado em diversos indícios colhidos pela parte representa­da, os quais não foram refutados, senão de modo genérico, pelos ora representa­ntes, e, por isso mesmo, não podem ser adjetivado­s de sabidament­e inverídico­s”, diz o parecer.

Os advogados do presidenci­ável afirmaram ao TSE que as informaçõe­s sobre Wal são caluniosas e difamatóri­as. Em sua defesa no TSE, a Folha alegou “não haver acusação, inverdade ou ofensa, tratandose de matérias jornalísti­cas com informaçõe­s de interesse público, de forma imparcial”.

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