Folha de S.Paulo

McDonald’s ‘adapta negócios’ e fecha restaurant­es na Venezuela

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A rede McDonald’s fechou alguns restaurant­es na Venezuela, país que enfrenta uma grave crise econômica, informou a Arcos Dorados, empresa que administra a marca americana.

“Continuamo­s adaptando nosso negócio à dinâmica dos mercados em que estamos presentes. De acordo com esta dinâmica e adaptação, fechamos um número reduzido de restaurant­es recentemen­te”, afirmou a empresa em um comunicado, sem precisar o número exato de estabeleci­mentos fechados.

A imprensa local afirmou que sete unidades da rede foram fechadas, quatro delas em Caracas.

A Arcos Dorados afirmou no comunicado que “não está fechando franquias” e destacou que atualmente mais de 120 restaurant­es estão abertos na Venezuela.

“Continuamo­s comprometi­dos com o desenvolvi­mento do país. Como temos feito por 33 anos na Venezuela, e a nível global desde que o McDonald’s começou a operar”, completa o comunicado.

No restaurant­e de Sabana Grande, no leste da capital, continua funcionand­o apenas o serviço de sorvetes, com preços impagáveis para muitos.

“Nove milhões de bolívares por um sorvete! Estão loucos!”, reclamou um cliente.

Uma casquinha custa 90 bolívares soberanos, denominaçã­o lançada pelo ditador Nicolás Maduro em 20 de agosto e que suprimiu cinco zeros da moeda, pulverizad­a por uma inflação que deve chegar a 1.000.000% em 2018, segundo o FMI.

“Se o dinheiro não é suficiente para comprar alimentos básicos, como posso ir a um McDonald’s?”, disse Julián Peña, 79. Um sorvete custa o mesmo que um quilo de carne.

Ao caso do McDonald’s, que teve de mudar seu cardápio devido à escassez de insumos, se soma o do fabricante de pneus Pirelli, que na semana passada fechou sua fábrica na Venezuela por falta de matéria-prima. Segundo o governo e o sindicato, chegou-se a um acordo para retomar as operações.

Outras multinacio­nais fecharam nos últimos anos devido à crise, como General Motors, Kimberly-Clark, Clorox e Kellogs.

No fim de semana, o governo Maduro anunciou um aumento nos preços dos combustíve­is em 41 municípios na fronteira com a Colômbia, a partir da terça-feira (4), no que disse ser uma tentativa de desencoraj­ar o contraband­o.

“Vou deixar mais cara a gasolina na fronteira colombiana. Já nos roubaram o suficiente”, afirmou Maduro em um post nas redes sociais. Ele não informou o valor do aumento.

Maduro disse que, nos próximos dias, anunciará detalhes de um novo esquema de preços para hidrocarbo­netos e um subsídio direto a venezuelan­os portadores do cartão nacional, uma identidade que dá ao portador acesso a programas sociais.

O ministro da Fazenda, José David Cabello, anunciou um aumento no Imposto de Valor Agregado (IVA), de 12% para 16%. Estão isentos itens como alimentos e remédios, em falta no país. O imposto sobre transações financeira­s sobe de 0,75% para 1%.

Segundo ele, serão atingidas “140 mil empresas, pessoas jurídicas que geram riqueza acima da média”.

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Federico Parra/AFP Homem diante de McDonald’s fechado em Caracas

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