Folha de S.Paulo

Dinheiro nenhum poderá recompor acervo, diz produtor

-

“Não teve exposição histórica que eu tenha feito que não precisou pegar algo emprestado do Museu Nacional.” Assim o produtor Marcello Dantas, que foi diretor do Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, resumiu a importânci­a do acervo da instituiçã­o que pegou fogo no domingo (2).

Para ele, trata-se de uma “perda irreparáve­l”. “Se quiserem refazer esse acervo, independen­temente do cheque ou quantia de dinheiro que houver, não vão conseguir.”

Rosane Serro, coautora de projeto de comemoraçã­o dos 200 anos do museu em parceria com a própria instituiçã­o, disse que ele “estava em situação precária” e que essa condição era “muito visível”. “Havia falta de recurso e necessidad­e de investimen­tos”, diz.

A historiado­ra Heloísa Starling lembra que o início do Museu Nacional foi feito a partir da coleção da imperatriz Leopoldina. “Ela tinha um compromiss­o de ilustrar e fazer circular um conhecimen­to melhor sobre o Brasil. E vai fazer isso por meio da botânica e da zoologia. Ela mesma ia buscar as espécies”, conta.

Em rede social, o presidente Michel Temer disse que o incêndio traz perda incalculáv­el. “Foram perdidos 200 anos de trabalho, pesquisa e conhecimen­to. (...) É um dia triste para todos os brasileiro­s.”

Profission­ais ligados à instituiçã­o afirmaram à Folha, porém, que o museu, durante o governo Temer, encontrou barreiras na Casa Civil e no MinC quando tentou levantar fundos para a celebração de seus 200 anos. O ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, afirmou que o governo começará nesta segunda (3) o projeto de reconstruç­ão.

Em maio, o diretor do museu afirmou que último presidente a visitar a instituiçã­o foi Juscelino Kubitschek (1956-1961). “O Brasil não sabe da grandeza, da riqueza disto aqui. Se soubesse, não deixaria chegar neste estado”, disse.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil