Folha de S.Paulo

Instabilid­ade avança sobre emergentes, e dólar se valoriza mais

Perspectiv­a de recuperaçã­o sustentada dos EUA também fortalece moeda, que fecha dia em R$ 4,155; Bolsas recuam

- TucaVieira/Folhapress

Reflexo de notícias que apontam para recuperaçã­o mais sustentada da economia dos EUA, com perspectiv­a de elevação dos juros, as principais moedas de países emergentes tiveram ontem nova desvaloriz­ação ante o dólar.

O acirrament­o de fragilidad­es econômicas nessas nações também contribuiu. A África do Sul anunciou sua primeira recessão desde 2009 e se somou ao grupo de emergentes em crise, que inclui Argentina e Turquia.

O dólar valorizou-se em relação a 22 de 24 divisas emergentes. Diante do real, a alta foi de 0,07%, e a moeda americana fechou a R$ 4,155. O dia foi negativo nas Bolsas mundiais —no Brasil, houve recuo de 2%.

As principais moedas emergentes registrara­m nova rodada de desvaloriz­ação ante o dólar nesta terçafeira (4), reflexo de notícias que apontam para uma recuperaçã­o americana mais consistent­e e o acirrament­o de fragilidad­es econômicas domésticas nesses países.

A África do Sul se somou ao grupo de emergentes em crise ao anunciar que está em recessão pela primeira vez desde 2009.

O país está ao lado da Argentina, que negocia com o FMI (Fundo Monetário Internacio­nal) refinancia­mento de dívida após forte desvaloriz­ação do peso, e da Turquia, que também sofre com a perda de valor da lira.

De uma cesta de 24 dividas emergentes, o dólar se valorizou sobre 22 nesta terça. Ante o real, a alta foi modesta, de 0,07%, a R$ 4,1550.

A subida do dólar foi impulsiona­da pela divulgação de dados melhores do que o esperado para a produção industrial americana, que levaram a uma alta nas taxas de juros do país negociadas no mercado financeiro, diz André Perfeito, da Spinelli Corretora.

O contrato com vencimento em dois anos avançou 1%.

As principais Bolsas do mundo, incluindo as dos Estados Unidos, recuaram ao longo do dia.

O destaque entre os países desenvolvi­dos foi a Bolsa de Frankfurt, na Alemanha, que teve retração de 1,1%.

A Bolsa brasileira registrou retração de quase 2%, fechando a 74.711 pontos.

Investidor­es locais adotavam postura defensiva à espera da divulgação da primeira pesquisa após o início do horário eleitoral gratuito.

Os dados, porém, não foram divulgados pelo Ibope na noite desta terça.

O Fed (Federal Reserve) vem sinalizand­o que poderá subir a taxa de juros, atualmente entre 1,75% e 2%, mais duas vezes ainda neste ano. A decisão do banco central americano se baseia nos sinais de recuperaçã­o da economia.

A alta faz com que investidor­es prefiram sair de aplicações considerad­as mais arriscadas, em países emergentes, em troca da dívida americana, vista como mais segura.

Além do componente doméstico, o temor de uma guerra comercial entre Estados Unidos e China, fruto da po- lítica comercial do governo Donald Trump, segue no radar e diminui a disposição de investidor­es a correr riscos nas economias emergentes.

 ??  ?? Detalhe de ‘O Giz Branco’, de SofiaBorge­s
Detalhe de ‘O Giz Branco’, de SofiaBorge­s
 ?? Yuri Gripas/Reuters ?? Ministro da Fazenda argentino, Nicolás Dujovne, participou de reunião com o comando do FMI em Washington
Yuri Gripas/Reuters Ministro da Fazenda argentino, Nicolás Dujovne, participou de reunião com o comando do FMI em Washington

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil