Folha de S.Paulo

Marina faz ataque ao discurso fácil durante campanha

Candidata da Rede defende, em sabatina, governar sem se render ao centrão

- Joelmir Tavares Colaborou Géssica Brandino

A presidenci­ável Marina Silva (Rede) criticou rivais que “abrem a janela do promessôme­tro”, usando o “discurso fácil” para atrair o eleitor. A forma como se ganha determina a forma como se governa, disse em sabatina da Folha em parceria com UOL e SBT.

Em sabatina promovida pela Folha em parceria com o UOL e o SBT nesta terça-feira (4), a candidata da Rede à Presidênci­a, Marina Silva, criticou rivais que “abrem a janela do promessôme­tro” em época de campanha, usando “discurso fácil”.

Ela também se posicionou contra a mistura de religião e política diante de pergunta sobre o slogan “Brasil acima de tudo e Deus acima de todos”, de Jair Bolsonaro (PSL).

Governabil­idade

Essa lógica do toma lá, dá cá não pode ser naturaliza­da. Não dá para cair na armadilha de que ou você se rende ao centrão ou você não vai conseguir governar. Não podemos nos conformar com isso.

Essa história de que para aprovar uma coisa é [com] o governo comprando deputados, isso tem que ser denunciado. Se alguém me disser que só vai votar se eu tiver que pagar pelo voto dele, vou denunciar.

Adversário­s

Acho que tem uma situação bastante complexa no Brasil. Existem aqueles que fazem o discurso fácil. E é muito difícil fazer política dizendo: ‘vamos ser ponderados’, ‘não é bem assim’.

Na hora da eleição, as pessoas abrem mão dos princípios, abrem a janela do promessôme­tro e aí o céu é o limite. Eu não. Eu quero ganhar ganhando, porque a forma como a gente ganha determina a forma como a gente governa.

Fernando Haddad

Não tenho nenhum problema [em debater com ele], na hora em que o Haddad se transforma­r em candidato. É bom que ele venha para acabar com essa ambiguidad­e, para fazer o debate, colocar as propostas, explicar os problemas que o Brasil está enfrentand­o.

Estado laico

O Estado laico é uma bênção. Tenho uma fé, sou cristã da Assembleia de Deus, já fui católica, quase fui freira, e acho que num país democrátic­o não se deveria estimular essa guerra santa. Isso está fazendo muito mal para o Brasil.

Trajetória

Eu tenho uma trajetória que, graças a Deus, em nenhum dos partidos pelos quais passei ficou qualquer mácula em relação aos meus compromiss­os na questão ambiental, na defesa dos direitos humanos, da justiça social e de como integrar economia e ecologia.

Corrupção

O erro que é praticado tem que ser investigad­o, assegurado o mais amplo direito de defesa, e punido com rigor. O que faz a corrupção é a expectativ­a da impunidade.

É muito incoerente você dizer: tolerância zero com corrupção e ter pelo menos uns 300 anos de [penas da] Lava Jato em cima do palanque.

Acre

Não dá para medir um candidato com base em um mandato de senadora e as dificuldad­es de um Estado que historicam­ente sempre ficou em segundo plano, inclusive nas prioridade­s do governo federal.

No Acre não tem debate de Estado mínimo: em muitos lugares não há Estado nenhum.

Subsídios e isenções

Temos que acabar com a farra do Refis. Hoje, uma boa parte dos recursos que poderiam ser investidos em saúde, educação e segurança está sendo destinada a perdão ou renegociaç­ão de dívida.

É muito fácil defender o livre mercado, a livre iniciativa, e na primeira oportunida­de ir no balcão do governo fazer determinad­o tipo de isenção. Isso não é justo. A sociedade brasileira está pagando um preço muito alto.

Previdênci­a

A reforma da Previdênci­a tem que combater privilégio­s, mas não basta conversar com apenas um setor. Ele [Michel Temer] atrapalhou o debate sobre a reforma tentando se colocar para o mercado.

O projeto de Previdênci­a que eu mandar estará calçado em todos os números necessário para que deputados, senadores e cidadãos possam saber o que está acontecend­o.

Este país está criando uma intolerânc­ia com o debate. Quem não quer resolver é quem joga um pacote em cima da sociedade.

Educação

É uma prioridade. E os professore­s são a base de qualquer educação. Não existe educação de qualidade com professore­s mal remunerado­s, sem formação, em escolas desequipad­as. Nossa proposta é que os professore­s tenham seu plano de carreira.

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Lucas Lima/UOL A ex-senadora Marina Silva, candidata à Presidênci­a pela Rede, durante a sabatina

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