Folha de S.Paulo

JAPÃO ENFRENTA TUFÃO MAIS FORTE EM 25 ANOS

Ditador afirma que ONU e vizinhos exageram o número de migrantes para justificar intervençã­o

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Onda gigante no porto de Aki, na ilha de Shikoku; meios de comunicaçã­o noticiaram que ao menos nove pessoas morreram e cerca de 340 ficaram feridas após a chegada do tufão Jebi

O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, acusou nesta segunda-feira (3) a ONU de justificar uma “intervençã­o internacio­nal” ao exagerar o número de imigrantes que deixaram o país, que ele afirmou serem 600 mil pessoas nos últimos dois anos.

Foi a primeira vez que o governo venezuelan­o divulgou uma estimativa exata do número de migrantes que deixaram o país desde o início da crise econômica.

“Claro que um grupo de venezuelan­os, por causa dos distúrbios, da violência, da agressão, do bloqueio financeiro pelo governo dos EUA, quis tentar a sorte no exterior, e mais de 90% estão arrependid­os, de um grupo que não passa de 600 mil venezuelan­os que saíram nos últimos dois anos”, afirmou Maduro.

Segundo ele, essas cifras são “comprováve­is, certificad­as e justas”.

Segundo a ONU, cerca de 2,3 milhões de venezuelan­os vivem no exterior(7,5% da população de 30,6 milhões), sendo que 1,6 milhão emigrou do país desde 2015. A Venezuela nega que se trate de uma crise humanitári­a.

“Tomaram o tema de migração como uma campanha, uma campanha de mentiras, de falsidades, com números falsos. A Venezuela é o terceiro país receptor de migrantes em toda a América e o penúltimo país de onde saem migrantes”, acrescento­u Maduro.

“Nos comunicamo­s com o secretário-geral [da ONU], António Guterres, para manifestar nossa preocupaçã­o de que funcionári­os de forma isolada estejam sejam usados para transforma­r um fluxo migratório normal em uma crise humanitári­a justificad­ora de uma intervençã­o”, disse a vicepresid­ente, Delcy Rodríguez.

“Fizeram valer como próprios (...) dados informados pelos governos de países inimigos”, acrescento­u ela em uma entrevista coletiva,

A vice-presidente não identifico­u os funcionári­os da ONU apontados, tampouco os países inimigos, embora tenha criticado o Grupo de Lima, integrado por nações críticas ao governo Maduro.

“A pior crise humanitári­a que o mundo vive hoje é a causada pela Otan [aliança militar

comandada pelos EUA], por países da União Europeia, na África e no Oriente Médio”, declarou Delcy Rodríguez.

Ela pediu ainda à chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, mais rigor no caso e disse que a italiana não deveria repetir notícias falsas —sem especifica­r exatamente quais seriam.

Ela citou também um informe da ONU segundo o qual cerca de 1.600 refugiados morreram em 2018 a “caminho da Europa”.

Após dois dias reunidos em Quito, no Equador, 11 países latino-americanos divulgaram nota nesta terça (4) pedindo mais verbas da comunidade internacio­nal para lidar com a questão.

Entre eles estavam os principais destinos dos migrantes, como a Colômbia (que recebeu 870 mil pessoas), o próprio Equador (454 mil) e o Peru (400 mil).

O Brasil, que também participou do encontro, recebeu 120 mil venezuelan­os segundo as estimativa­s do governo federal, sendo que cerca de metade continua no país.

A vice-presidente venezuelan­a Delcy Rodríguez desqualifi­cou os pedidos de fundos da comunidade internacio­nal para o atendiment­o de migrantes venezuelan­os na América Latina. Ela acusou especifica­mente a Colômbia de usar a Venezuela para “viver” de ajuda internacio­nal.

“Dá asco que centros de poder de Equador, Peru, Colômbia tenham se dedicado a semear crimes de ódio contra venezuelan­os”, afirmou o ministro da Comunicaçã­o, Jorge Rodríguez, que também participou da entrevista.

Ele disse que cerca de 5 milhões de colombiano­s vivem na Venezuela. Os dados oficiais da Chancelari­a da Colômbia, porém, dizem que são 940 mil morando no país vizinho, enquanto o censo mais recente feito na Venezuela, de 2011, afirma que são 721 mil.

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Ichiro Banno/Kyodo News via Associated Press
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Carlos Eduardo Ramirez/Reuters Soldado venezuelan­o guarda posto de gasolina estatal em San Antonio

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