Folha de S.Paulo

Alckmin culpa metodologi­a por queda da educação de SP

Segundo tucano, escolas técnicas deveriam compor critério em ranking nacional

- Thais Bilenky

O ex-governador e presidenci­ável Geraldo Alckmin (PSDB) atribui à metodologi­a do Ministério da Educação, que não inclui escolas técnicas no Ideb, a perda da liderança de SP no ranking. A pasta diz que não houve mudanças.

O candidato a presidente e ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) atribuiu a uma metodologi­a do Ministério da Educação a perda da liderança do estado de São Paulo, sob a sua gestão, no principal indicador de qualidade da educação básica.

A rede de ensino paulista ficou para trás tanto em duas etapas do ensino fundamenta­l quanto no ensino médio, onde a situação é mais grave. O retrato aparece no mais recente Ideb (Índice de Desenvolvi­mento da Educação), de 2017, produzido a cada dois anos e divulgado nesta semana pelo governo federal.

Na edição anterior, em 2015, São Paulo liderava nos anos iniciais (5º ano) e nos finais (9º ano) do ensino fundamenta­l e também no ensino médio.

“A portaria do MEC [Ministério da Educação] dizia que o ensino médio das escolas técnicas talvez era para valer [para o índice]. Depois o Inep [instituto que aplica a avaliação] tirou”, afirmou o tucano nesta terça-feira (4).

“Quem faz o ensino médio na [escola técnica] Paula Souza, faz vestibulin­ho, são os melhores alunos”, afirmou o candidato, em referência ao centro de educação tecnológic­a da rede paulista.

Mas, segundo o ministério, as escolas técnicas nunca foram considerad­as na série histórica para a avaliação de municípios e estados.

A pasta informa ainda que o resultado da participaç­ão dessas instituiçõ­es é contabiliz­ado apenas no ranking por escolas. Sendo assim, o cômputo dos resultados dos estudantes de escolas técnicas não foi incluído neste Ideb para manter a comparabil­idade com as edições anteriores.

Alckmin, que governou São Paulo por quatro mandatos e renunciou em abril para dis- putar a Presidênci­a, não respondeu por que o efeito foi pior em São Paulo do que em outros estados, apesar de o critério ser o mesmo no país.

Nos últimos anos, a gestão Alckmin esvaziou programas como o de alfabetiza­ção e de reforço presencial para alunos com dificuldad­es. Em 2015, o governo tentou realizar uma reorganiza­ção, que previa o fechamento de mais de 90 escolas, que acabou sendo suspensa após uma onda de ocu- pações de escolas por alunos.

Embora Alckmin tenha repetido que o estado investe 31% das receitas em educação, o governo paulista tem incluído nos últimos anos gastos com aposentado­s como sendo para manutenção de ensino.

Só em 2016, R$ 5,1 bilhões declarados como investimen­tos em educação foram, na prática, repasses para aposentado­rias. Ao excluir o orçamento das universida­des estaduais, a educação básica recebeu 19% da receita total do estado (em 2016).

Política educaciona­l central das sucessivas gestões tucanas em São Paulo, o bônus por resultado na rede escolar não tem promovido melhorias no desempenho dos alunos do estado, conforme avaliação do próprio do Governo de São Paulo. Advertênci­as para correções, presentes em relatórios internos, têm sido ignoradas pelo menos desde 2011 pela cúpula do governo e pela Secretaria Estadual da Educação.

Em entrevista nesta terçafeira, o tucano limitou-se a dizer que “todos os secretário­s da Educação fizeram uma carta ao MEC dizendo, olha, é um absurdo. Não estava na portaria o que o Inep fez”.

Alckmin defendeu o “estímulo ao ensino médio junto com o técnico, e não excluí-lo da prova”. E contempori­zou a perda de liderança do estado, governado pelo seu PSDB há 24 anos. “São Paulo está indo bem, cresceu no primeiro ciclo, cresceu no segundo ciclo, e o ensino médio vai ser reformulad­o no Brasil inteiro, tornando-o mais atrativo”, afirmou.

No ensino médio, a rede estadual de São Paulo teve queda no Ideb, passando de 3,9 para 3,8 —espera-se que algum dia o país alcance o índice 6. Com esse resultado, o ensino médio de São Paulo foi ultrapassa­do por Goiás, Espírito Santo e Pernambuco e ficou empatado com Ceará e Rondônia.

O Ideb é calculado a partir de dois componente­s: a taxa de aprovação das escolas e as médias de desempenho dos alunos em uma avaliação federal de matemática e português. Os dados das provas foram conhecidos na semana passada, e as notas da rede paulista no ensino médio também caíram nessas duas disciplina­s.

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Fonte: Inep-MEC

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