Nas capas, incêndio se torna metáfora do ‘declínio de uma nação’
O New York Times abriu foto do Museu Nacional em quatro colunas no alto da primeira página de terça (4) e assinalou, na legenda, que ele “não tinha um sistema de supressão de incêndio”. No título, “Golpe duplo num tesouro: negligência, depois chamas”.
E o enunciado mais contundente, em destaque logo abaixo: “Brasileiros choram a perda de um museu, e o declínio de uma nação”.
Foi também alto de capa nos outros dois jornais considerados globais, Wall Street Journal e Financial Times, ambos com vídeos online.
Na chamada do WSJ, “Tesouros do continente em jogo no incêndio de museu do Brasil”, com imagens do que restou do “orgulho de uma nação”. No FT, “chocou a nação”.
Muitos outros destacaram pelo mundo, sobretudo europeus.
E o Guardian publicou texto de Paulo Coelho, escritor brasileiro mais conhecido no exterior, que afirmou, sob o título “O país está em lágrimas”: “Nós culpamos o governo por negligenciar a nossa história, mas nós, o povo brasileiro, a negligenciamos também”.
crise clássica
Com eco imediato por NYT e outros, a Bloomberg publicou análise de Satyajit Das intitulada “Nós podemos estar enfrentando uma crise clássica de mercados emergentes”. O “ex-banqueiro” de CitiGroup e Merrill Lynch destaca, entre os ingredientes da “receita clássica”: especulação financeira, déficits orçamentários, “dependência de commodities, fraquezas institucionais e má liderança política e econômica”. Lista entre os países “pressionados”, além da Argentina, os Cinco Frágeis, começando pelo Brasil.
bolsonaro & banqueiros
Num mercado financeiro que agora até divulga as próprias pesquisas, a Bolsa caiu e o dólar subiu de olho no Ibope a ser anunciado no Jornal Nacional —e que não saiu, até o fechamento desta edição. A Bloomberg não se conteve e despachou já no meio da tarde que o “Candidato dos sonhos patina e banqueiros começam a aceitar Bolsonaro”. Alckmin “está em quarto ou quinto” e, ouvidos, “presidentes e executivos de meia dúzia dos principais bancos dizem estar confortáveis com a escolha do principal conselheiro de Bolsonaro: Paulo Guedes”.