Folha de S.Paulo

Após montanha-russa na carreira, algoz de Federer encara Djokovic em Nova York

- Daniel E. de Castro Julian Finney/AFP

Olhar para a variação do ranking de John Millman, tenista australian­o que na madrugada de terça-feira (4) bateu Roger Federer nas oitavas de final do Aberto dos EUA, é observar uma carreira que se movimenta como uma montanha-russa.

Nesta quarta (5), o atleta de 29 anos enfrentará Novak Djokovic, 31, pelas quartas de final em busca de mais uma façanha. O jogo está previsto para começar por volta das 22h.

Em 2013, pela primeira vez na carreira ele passou uma temporada inteira no top 200, apesar de ter se afastado das quadras de maio daquele ano até abril do ano seguinte.

Uma lesão no ombro fez com que o atleta passasse por duas cirurgias e despencass­e no ranking da ATP (Associação dos Tenistas Profission­ais). Em junho de 2014, ele era apenas o número 1.193.

Recuperado, em julho de 2015 Millman entrou pela primeira vez no top 100. Permaneceu até janeiro de 2017, mas uma lesão na região da virilha exigiu nova cirurgia e o tirou de ação até maio. Dessa vez a queda foi menor, para 218º.

Desde então, o australian­o vive período de ascensão. Em abril, foi vice-campeão no saibro de Budapeste, seu melhor resultado em um torneio da ATP. Atual número 55 do mundo, chegou a ser 49º em julho. Ele entrará pelo menos entre os 40 melhores após o torneio.

Quando passou pelas cirurgias no ombro, Millman precisou recorreu a um emprego de escritório no setor financeiro, mas nunca pensou em desistir do tênis profission­al.

“Se eu jogasse tênis pelo dinheiro, teria desistido há muito, muito tempo atrás. Para mim, [o esporte] é mais sobre ser capaz de me colocar na posição em que estou, jogando na segunda semana de um Grand Slam. Isso é muito especial”, afirmou o atleta antes da partida contra Federer.

Ele soma US$ 1,8 milhão (R$ 7,5 mi) na carreira em premiação. Federer, líder em prêmios, já conquistou US$ 117, 5 milhões (R$ 489,3 mi).

Após derrotar o suíço, porém, Millman não demonstrou euforia. Disse que Federer é um herói para ele e reconheceu que soube aproveitar uma noite em que o suíço esteve num nível muito abaixo do esperado: cometeu 77 er- ros não forçados e teve menos de 50% de aproveitam­ento do primeiro saque.

“A única coisa que posso controlar é a luta em mim. É a única coisa que sempre fiz durante toda a minha carreira”, afirmou o vencedor.

Com um discurso de pés no chão, mas um estilo de jogo ousado, ele deverá repetir contra Djokovic a estratégia que deu certo diante de Federer: ser agressivo e atuar no limite da margem de erro, buscando as linhas da quadra sempre que tiver essa chance.

Se o sérvio vem sofrendo com o forte calor e a alta umidade em Nova York durante o Aberto dos EUA, Millman está mais acostumado a essa situação. Sua cidade natal, Brisbane, se caracteriz­a pelas mesmas condições climáticas.

Federer também afirmou que teve dificuldad­e para respirar durante a derrota.

O australian­o nunca havia vencido um top 10 nem passado às quartas de um Slam antes da madrugada de terça. Então por que não acreditar em mais um feito histórico?

“Por que não? Acho que seria um desserviço entrar em quadra se não tivesse essa crença”, afirmou Millman.

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John Millman na vitória sobre Federer, em jogo finalizado na madrugada desta terça (4), em Nova York

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