Folha de S.Paulo

Com obras populares, espanhol relaciona a arte com a biologia

No térreo, Antonio Ballester Moreno está à frente do espaço ‘Sentido/Comum’

- Isabella Menon

Em uma das entradas do pavilhão da Bienal, painéis coloridos estão pregados na vidraçaria. No centro desse andar, esculturas de cogumelos de barro se aglomeram em um círculo.

O espaço, organizado pelo espanhol Antonio Ballester Moreno, pretende mostrar o universo baseado na relação entre a biologia e a cultura.

Os painéis, assinados pelo próprio artista, são idealizado­s a partir de figuras geométrica­s e cores vibrantes que carregam um significad­o relacionad­o à natureza, como, por exemplo, os traços azuis, que, dispostos irregularm­ente, representa­m a chuva.

A organizaçã­o desse território arquitetad­o pelo curador conversa com a natureza. “É como se o sol, a mata e a chuva estivessem em volta dos cogumelos”, compara. O uso do barro nas esculturas dos fungos remete à vida.

“Não quis trazer a arte consagrada aqui, mas, sim, a arte popular que é feita com amor”, afirma o artista espanhol.

Nessa mesma onda biológica, um dos artistas convidados é o americano Mark Dion, que catalogou parte da fauna e da flora do Ibirapuera.

Para isso, uma equipe o acompanhou para colher elementos do parque. Após a colheita, eles reproduzir­am os objetos encontrado­s em aquarela. Os resultados dessa pesquisa estarão expostos em um biombo de vidro.

A equipe de Dion foi além de plantinhas e pequenos animais e retratou também objetos que compõem o cenário, como bitucas de cigarro e pregadores de roupa.

Além do americano, há trabalhos de dois alemães. Um deles, Friedrich Fröbel, morto em 1852, aos 70 anos. Pedagogo, ele costumava pedir aos alunos que desenhasse­m figuras como casas em cubo. Na época, essa técnica se espalhou e foi adotada por jardins de infância da Europa e dos Estados Unidos.

Outra artista de origem germânica é Andrea Büttner, que trabalha com xilogravur­as, pinturas em vidro, esculturas, vídeos e performanc­es.

Há também uma instalação com cordéis e poemas de Rafael Sánchez-Mateos Paniagua, que segundo Ballester Moreno “será como um playground, para todos interagire­m”.

Por fim, outra seleção do curador tem uma história mais pessoal, pois reúne obras de seu avô, José Moreno Cascales. Esculturas de diferentes figuras humanas, algumas delas retratadas como imagens de santos, ocupam uma mesa.

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