Folha de S.Paulo

Bolsonaro ainda corre risco, mas chance de recuperaçã­o é muito boa, relata médico

Bolsonaro teve lesão em veia e nos intestinos e foi operado em Juiz de Fora

- Renato Salles, José Marques, Raquel Landim e Gabriel Alves

O presidenci­ável Jair Bolsonaro (PSL) foi esfaqueado na tarde desta quinta-feira (6) enquanto era carregado por apoiadores durante ato de campanha em Juiz de Fora (MG).

O esfaqueado­r, Adelio Bispo de Oliveira, 40, que estava nomeio de centenas de militantes do candidato, foi detido logo após o ataque elevadoà delegacia da Polícia Federal da cidade.

A Polícia Civil mineira informou haver ainda um segundo suspeito de ter agido contra o deputado, mas não forneceu detalhes. Afirmou apenas que o homem foi abordado e deverá ser interrogad­o.

Bolsonaro fazia passeata na rua Halfeld, um calçadão no centro da cidade, quando foi atingido, às15h45.Odep utado foi retirado do local imediatame­nte elevado àS anta Casa de Juiz de Fora.

A cirurgia à qual Bolsonaro foi submetido durou cerca de duas horas e terminou perto das 20h. O candidato foi depois transferid­o para Unidade de Terapia Intensiva (UTI), acordou logo da anestesia e conversou com os filhos.

Segundo Glaucio de Souza, cirurgião que participou da operação, o candidato ainda corre risco de morte, mas o prognóstic­o é bom.

Ainda não há previsão de alta e, segundo Souza, ele pode ficar internado por duas semanas. “Depende de como ele vai evoluir. A evolução na UTI tem sido muito boa”, disse. Como há risco de infecção, o candidato está tomando antibiótic­os.

Após a hospitaliz­ação, pode ser necessário um repouso relativo —o que poderia afastar o candidato de grande parte do período de quatro semanas que resta até o primeiro turno das eleições, em 7 de outubro.

Uma equipe do Hospital Sírio Libanês chegaria à Santa Casa na madrugada desta sexta (7) para monitorar o caso, apedido da família.

Até anoite de quinta, o candidato não tinha condições de ser transferid­o para São Paulo, mas o médico Cícero Rena, chefe da equipe de cirurgia que operou o candidato, afirmou que, se ele estiver bem nesta sexta, a transferên­cia poderia ser feita à tarde.

O capitão reformado chegou ao hospital consciente, mas desenvolve­u um quadro de choque hemorrágic­o. Sua pressão estava muito baixa e a situação era grave.

Flávio Bolsonaro, filho do presidenci­ável e deputado estadual no Rio, chegou a escrever no Twitter que o pai “chegou no hospital quase morto”.

Os médicos encaminhar­am o candidato para uma tomografia e constatara­m um maciço sangrament­o interno. Optaram, então, por realizar uma laparotomi­a de urgência, uma cirurgia invasiva que abre a barriga do paciente.

Bolsonaro foi atingido apenas uma vez por seu agressor, no entanto, o dano foi extenso. “A porta de entrada foi uma só, mas as lesões internas foram múltiplas”, afirmou Rena.

O sangrament­o vinha de uma das veias do mesentério, região que irriga de sangue o abdômen. Também havia várias lesões no intestino grosso e no intestino delgado. Bolsonaro recebeu cerca de quatro bolsas de sangue.

Os médicos conseguira­m suturar as lesões na veia afetada e no intestino delgado, controland­o o sangrament­o. Todavia, o dano ao intestino grosso havia sido muito extenso e havia contaminaç­ão da área por fezes.

Por isso, os cirurgiões fizeram uma colostomia, quando o intestino é ligado diretament­e à pele e as fezes ficam depositada­s numa bolsa fora do corpo. “Fizemos uma ressecção da lesão e colocamos uma colostomia dada à gravidade do paciente”, disse Rena.

Especialis­tas ouvidos pela Folha dizem que traumas como o que atingiu Bolsonaro são marcados por um período crítico de recuperaçã­o nas primeiras 48 horas.

Os maiores riscos nessa fase são de hemorragia, infecções, inflamação, formação de coágulos e insuficiên­cia renal, segundo a professora da USP Ludhmila Hajjar, especialis­ta em terapia intensiva e em medicina de emergência.

Nas horas seguintes à chegada de Bolsonaro à Santa Casa, apoiadores dele, jornalista­s e policiais se concentrar­am em frente ao hospital. Os militantes fizeram orações coletivas pela saúde do presidenci­ável, enquanto esperavam a divulgação de um boletim médico.

O coronel Alexandre Nocelli, comandante da 4ª Região da Polícia Militar de Minas Gerais, afirmou não considerar ter ocorrido falha na segurança.

“O número de presentes era muito grande. A Polícia Federal teve uma resposta oportuna e rápida.” A PM não fez estimativa da quantidade de pessoas na concentraç­ão.

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Fotos Reprodução Abaixo, faca usada no ataque a Jair Bolsonaro; ao lado, o candidato durante atendiment­o na Santa Casa de Juiz de Fora (MG)
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