Bolsonaro ainda corre risco, mas chance de recuperação é muito boa, relata médico
Bolsonaro teve lesão em veia e nos intestinos e foi operado em Juiz de Fora
O presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) foi esfaqueado na tarde desta quinta-feira (6) enquanto era carregado por apoiadores durante ato de campanha em Juiz de Fora (MG).
O esfaqueador, Adelio Bispo de Oliveira, 40, que estava nomeio de centenas de militantes do candidato, foi detido logo após o ataque elevadoà delegacia da Polícia Federal da cidade.
A Polícia Civil mineira informou haver ainda um segundo suspeito de ter agido contra o deputado, mas não forneceu detalhes. Afirmou apenas que o homem foi abordado e deverá ser interrogado.
Bolsonaro fazia passeata na rua Halfeld, um calçadão no centro da cidade, quando foi atingido, às15h45.Odep utado foi retirado do local imediatamente elevado àS anta Casa de Juiz de Fora.
A cirurgia à qual Bolsonaro foi submetido durou cerca de duas horas e terminou perto das 20h. O candidato foi depois transferido para Unidade de Terapia Intensiva (UTI), acordou logo da anestesia e conversou com os filhos.
Segundo Glaucio de Souza, cirurgião que participou da operação, o candidato ainda corre risco de morte, mas o prognóstico é bom.
Ainda não há previsão de alta e, segundo Souza, ele pode ficar internado por duas semanas. “Depende de como ele vai evoluir. A evolução na UTI tem sido muito boa”, disse. Como há risco de infecção, o candidato está tomando antibióticos.
Após a hospitalização, pode ser necessário um repouso relativo —o que poderia afastar o candidato de grande parte do período de quatro semanas que resta até o primeiro turno das eleições, em 7 de outubro.
Uma equipe do Hospital Sírio Libanês chegaria à Santa Casa na madrugada desta sexta (7) para monitorar o caso, apedido da família.
Até anoite de quinta, o candidato não tinha condições de ser transferido para São Paulo, mas o médico Cícero Rena, chefe da equipe de cirurgia que operou o candidato, afirmou que, se ele estiver bem nesta sexta, a transferência poderia ser feita à tarde.
O capitão reformado chegou ao hospital consciente, mas desenvolveu um quadro de choque hemorrágico. Sua pressão estava muito baixa e a situação era grave.
Flávio Bolsonaro, filho do presidenciável e deputado estadual no Rio, chegou a escrever no Twitter que o pai “chegou no hospital quase morto”.
Os médicos encaminharam o candidato para uma tomografia e constataram um maciço sangramento interno. Optaram, então, por realizar uma laparotomia de urgência, uma cirurgia invasiva que abre a barriga do paciente.
Bolsonaro foi atingido apenas uma vez por seu agressor, no entanto, o dano foi extenso. “A porta de entrada foi uma só, mas as lesões internas foram múltiplas”, afirmou Rena.
O sangramento vinha de uma das veias do mesentério, região que irriga de sangue o abdômen. Também havia várias lesões no intestino grosso e no intestino delgado. Bolsonaro recebeu cerca de quatro bolsas de sangue.
Os médicos conseguiram suturar as lesões na veia afetada e no intestino delgado, controlando o sangramento. Todavia, o dano ao intestino grosso havia sido muito extenso e havia contaminação da área por fezes.
Por isso, os cirurgiões fizeram uma colostomia, quando o intestino é ligado diretamente à pele e as fezes ficam depositadas numa bolsa fora do corpo. “Fizemos uma ressecção da lesão e colocamos uma colostomia dada à gravidade do paciente”, disse Rena.
Especialistas ouvidos pela Folha dizem que traumas como o que atingiu Bolsonaro são marcados por um período crítico de recuperação nas primeiras 48 horas.
Os maiores riscos nessa fase são de hemorragia, infecções, inflamação, formação de coágulos e insuficiência renal, segundo a professora da USP Ludhmila Hajjar, especialista em terapia intensiva e em medicina de emergência.
Nas horas seguintes à chegada de Bolsonaro à Santa Casa, apoiadores dele, jornalistas e policiais se concentraram em frente ao hospital. Os militantes fizeram orações coletivas pela saúde do presidenciável, enquanto esperavam a divulgação de um boletim médico.
O coronel Alexandre Nocelli, comandante da 4ª Região da Polícia Militar de Minas Gerais, afirmou não considerar ter ocorrido falha na segurança.
“O número de presentes era muito grande. A Polícia Federal teve uma resposta oportuna e rápida.” A PM não fez estimativa da quantidade de pessoas na concentração.