Folha de S.Paulo

Outros atentados na história do Brasil

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João Pessoa, 1930

O mais notório atentado a um político brasileiro resultou na morte de João Pessoa em 26 de julho de 1930 e ensejou mudanças profundas na política brasileira. Então governador da Paraíba, ele foi vice na chapa presidenci­al encabeçada por Getúlio Vargas, derrotada por Júlio Prestes na eleição de março.

João Pessoa foi assassinad­o a tiros no centro do Recife por um adversário político, o jornalista João Duarte Dantas. O assassino alegou motivação pessoal para seu ato: Pessoa, como governador, teria autorizado invasão da polícia da Paraíba a seu escritório, o que resultou na publicação de cartas íntimas do jornalista e sua namorada.

O crime, entretanto, foi encarado na época como um atentado político e tornou-se o estopim da Revolução de 30, movimento armado em outubro daquele ano que depôs o presidente Washington Luís, impediu a posse de Júlio Prestes e levou Getúlio Vargas ao poder. A Era Vargas, período de vastas transforma­ções no país, só acabaria em 1945.

Carlos Lacerda, 1954

Conhecido como atentado da rua Tonelero, a emboscada mirava Carlos Lacerda (1914-1977), à época o principal opositor do presidente Getúlio Vargas. Lacerda voltava para casa no dia 5 de agosto de 1954, nessa rua do bairro de Copacabana, quando seu carro foi alvejado por balas. O chefe da guarda pessoal de Getúlio Vargas, Gregório Fortunato, confessou ter organizado o ataque que feriu o líder da oposição no pé e vitimou o major que o acompanhav­a, Rubens Vaz.

Carlos Lacerda emergiu como mártir vivo e evocou os militares a fazer justiça ao colega morto. O episódio agravou a crise política que sobrevoava o o governo de Getúlio —que se matou três semanas depois, com um tiro no Palácio do Catete.

Senador José Kairala, 1963

Em 4 de dezembro de 1963, durante discussão no Senado, o senador Arnon de Mello, pai do ex-presidente e atual candidato ao governo de Alagoas Fernando Collor de Mello, assassinou por engano, com um tiro no abdômen, o senador José Kairala. O disparo tinha como alvo Silvestre Péricles, que havia ameaçado Arnon durante seu discurso na Casa.

Tanto Arnon quanto Péricles foram presos em flagrante por decisão do Congresso Nacional. Poucos meses depois, o Tribunal do Júri de Brasília votou pela inocência dos senadores.

General Costa e Silva, 1966

Na ditadura militar, um atentado teve com alvo o general Costa e Silva, então em campanha à Presidênci­a.

Recife foi palco do ataque: em 25 de julho de 1966, o grupo de esquerda Ação Popular (AP) explodiu uma bomba no aeroporto de Guararapes, no qual o general era aguardado naquela manhã para vários compromiss­os na cidade.

Um oficial da Marinha, o almirante Nelson Fernandes, e o jornalista Edson Régis morreram na explosão.

Costa e Silva teve sorte: naquele dia seu avião entrou em pane em João Pessoa e ele se dirigiu a Recife de automóvel.

A explosão no aeroporto antecipou o clima crescente de tensão entre militares e grupos armados de esquerda que marcaria o governo de Costa e Silva (1967-1969), segundo presidente do período militar.

Em 13 de dezembro de 1968, ele decretou o AI-5 (Ato Institucio­nal Número Cinco), que que dava ao presidente o poder de fechar o Congresso, cassar mandatos, decretar confisco de bens e suspender a garantia do habeas corpus. Era o início da fase mais repressora da ditadura.

Caravana Lula, 2018

Neste ano, o Brasil já havia registrado casos de violência na pré-campanha eleitoral. Em março, dois ônibus da caravana do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foram atingidos por quatro tiros no Paraná.

Um dos veículos, que era ocupado por jornalista­s e era o último do comboio, teve duas perfuraçõe­s na lataria, dos dois lados. Outro tiro atingiu de raspão um dos vidros do mesmo veículo. Ninguém se feriu.

O outro ônibus atingido por um tiro levava convidados e estava no meio da comitiva — onde geralmente segue o veículo do ex-presidente.

O ataque ocorreu na saída da cidade de Quedas do Iguaçu, no Paraná, quando a caravana seguia para Laranjeira­s do Sul.

Marielle Franco, 2018

A vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) foi assassinad­a em ataque que também matou seu motorista, Anderson Gomes. Passados cinco meses, a Polícia Civil e o Ministério Público ainda não conseguira­m apresentar uma solução para o caso, com suspeita de motivação política.

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Acervo UH/ Folhapress O general Artur da Costa e Silva em evento em 1967
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Marlene Bergamo/ Folhapress Ônibus da caravana lulista alvejado no sul do país

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