Folha de S.Paulo

Boulos diz que relação do PT com MDB é de masoquismo

Candidato do PSOL propôs criar lista suja do machismo e legalizar maconha

- Artur Rodrigues

Em sabatina realizada pela Folha em parceria com UOL e SBT nesta quinta (6), o candidato à Presidente do PSOL, Guilherme Boulos, atacou ‘beija-mão’ do provável presidenci­ável petista, Fernando-Haddad (PT), a caciques do MDB. A sabatina foi realizada de manhã, antes do atentado a Jair Bolsonaro (PSL).

Relação do PT com MDB

Tenho críticas fortes à política que foi aplicada pelo PT, inclusive pelo Lula. Posso citar uma aqui: foi não ter feito uma reforma política profunda. Ter topado governar com os mesmos de sempre. O [Romero] Jucá é líder de governo desde Dom Pedro I. É lamentável a gente ver, como vi na semana passada, Fernando Haddad ir lá fazer fazer beija mão para o Eunício [Oliveira, do MDB] e para o Renan [Calheiros, do MDB] depois de tudo que aconteceu. Parece que a relação PT e MDB virou caso de divã, caso de masoquismo. Não é possível, depois de ser golpeado, depois de tudo isso, recompor com essa turma e estar no mesmo palanque.

Alckmin versus Temer

O que eu acredito firmemente é que a oposição ao [Michel] Temer vai estar no segundo turno. Nós sabemos quem são os 50 tons de Temer. Ontem o [presidente Michel] Temer deixou claro que essas oposições são fakes [diz se referindo a vídeo do presidente direcionad­o a Geraldo Alckmin]. Como já disse o Orestes Quércia: em briga de compadre sempre sai verdade. Ali é a turma do compadrio.

Incêndio no museu

Foi um bombardeir­o contra o Roberto Leher, do PSOL [reitor da UFRJ, que administra o museu nacional], de maneira desleal e cretina, feito por vários setores. Aliás, setores políticos que têm cinzas do museu nas mãos e que querem fugir da sua responsabi­lidade. Não foi o PSOL que ajudou a aprovar a PEC do teto de gastos que congela investimen­tos por 20 anos. O que a gente não pode admitir é gente hipócrita como o seu Geraldo Alckmin, a sua vice Ana Amélia, o seu Jair Bolsonaro acusar o PSOL, sendo que são eles os responsáve­is pelo desmonte do patrimônio público e das universida­des federais do Brasil. É muito cômodo vir aqui e botar a culpa no reitor e isentar o Temer.

Lista suja do machismo

O Brasil é um país machista e aproveito aqui para colocar uma proposta. É a proposta da lista suja do machismo. Tem candidato, o seu Jair Bolsonaro, que defende que é natural que mulher ganhe menos que homem, que isso é coisa da iniciativa privada, que governo não tem a ver com isso. No meu governo, empresa que pagar menos para mulher vai para lista suja do machismo. Não vai poder ter crédito público, nenhuma contrataçã­o e vai ter seu nome exposto em praça pública.

Jair Bolsonaro

Tem gente que quer ser candidato a presidente do Brasil e foge de debate. Não se dispõe a fazer o olho no olho. Não se dispõe a apresentar propostas e ser sabatinado. Tô falando aqui do seu Jair Bolsonaro, que foge, se acovarda, que grita. É valentão de Facebook.

Crime organizado

[Vou fazer] Investimen­to pesado em inteligênc­ia e investigaç­ão. Como se faz? Primeiro, temos que combater o tráfico de armas e munições. Temos que fazer com que a arma não chegue no crime organizado.

Legalizaçã­o da maconha

Hoje a política de guerra às drogas só serviu para matar jovem negro da periferia e botar jovem negro em presídio. Esse não é caminho. O caminho é tratar como caso de saúde pública. Por isso, nós defendemos a legalizaçã­o da maconha. As outras drogas vamos fazer um processo de descrimina­lização.

Taxar ricos

Vamos taxar rico, vamos fazer com que rico comece a pagar imposto no país e acabar com esse Robin Hood ao contrário, que é o Estado brasileiro, que tira do pobre e da classe média, que é quem paga imposto de verdade. Vamos fazer uma reforma tributária nesse país. Vamos tributar lucro e dividendo, vamos taxar grandes fortunas, vamos aumentar a alíquota sobre grandes heranças. Isso, junto com outras medidas, como mexer no ‘bolsa empresário’ e ‘bolsa banqueiro’, vai permitir um amplo plano de investimen­to social, inclusive tirando as universida­des públicas do buraco.

Exportaçõe­s

Hoje o papel de produtos primários, agrícolas e minérios é mais forte na economia brasileira do que era 30 ou 40 anos atrás. Uma desindustr­ialização do país. O Brasil não tem que ser exportador de soja e de minério de ferro. O Brasil tem potencial de gerar valor agregado aqui.

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Lucas Lima/UOL O presidenci­ável do PSOL, Guilherme Boulos, durante sabatina da Folha em parceria com o UOL e o SBT

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