Folha de S.Paulo

Aliados escondem Temer em campanhas eleitorais

- Débora Sögur, Gustavo Fioratti e Paulo Passos

Presidente mais impopular da história do Brasil, Michel Temer sumiu das propaganda­s eleitorais de seus aliados. Pelo menos 16 ex-ministros do emedebista são candidatos em todo país.

Só dois deles citaram o presidente no horário eleitoral na TV e no rádio desde o dia 31 de agosto e em publicaçõe­s nas redes sociais. Um, para criticá lo. Foi o ex-ministro da Cultura Marcelo Cal ero, que concorre no R iode Janeiro a umava gana Câmara de Deputados.

Outro que citou Temer, o ex-chefe da Fazenda Henrique Meirelles, o fez de forma discreta, enquanto contava sua história na vida pública, durante o horário eleitoral. O emede bis taécand ida toàP residência da República. imagem do presidente, rivais

Já nas redes sociais, Meirellesn­ãopublicou­nenhumapos­tagem tentam justamente lembrar quem esteve ao seu lado durante que fizesse referência o governo. ao atual presidente. Lula, por Temer atingiu o índice mais exemplo, foi citado 26 vezes baixo de aprovação em pesquisa pelo emedebista. do Datafolha, em junho.

Os outros ex-integrante­s do Seu governo foi considerad­o governo ignoram o presidente. ótimo ou bom por 4% dos brasileiro. É o que faz Romero Jucá, O índice de quem considera ex-ministro do Planejamen­to, seu governo ruim ou Desenvolvi­mento e Gestão e péssimo chegou a 82%. que também foi líder do governo Em Pernambuco, PT divulgou no Senado até agosto. uma montagem com a O senador emedebista tenta “turma de Temer”. Nela, aparecem, a reeleição em Roraima. Bruno Araújo (PSDB)

Um dos aliados mais fiéis e Mendonça Filho (DEM), Fernando do presidente diz no horário Bezerra (PSB) e Armando eleitoral que sua proposta para Monteiro (PTB). barrar a entrada de venezuelan­os Em Alagoas, Maurício Quintella no Brasil não foi aceita. Lessa (PR), ex-ministro “Continuoco­brandoprov­idências dos transporte­s e hoje candidato do presidente”, diz Jucá, ao senado, faz menções a sem dizer o nome de Temer. sua atuação no governo federal,

Enquanto aliados trabalham mas sem nominar Temer. para se descolar da Lessa é testemunha de Temer em sua defesa no inquérito dos portos. A investigaç­ão apura se o presidente beneficiou empresas no setor de portos em troca de propina, em decreto editado em 2017.

É um ex-aliado quem mais fez referência­s ao presidente na propaganda. Jingle do exministro da Cultura Marcelo Calero, candidato a deputado federal, diz, em ritmo de samba, que ele “enfrentou o Geddel das malas/ e também o Vampirão/ foi o primeiro a gritar/ chega de corrupção”.

“Vampirão” é um apelido dado por rivais a Temer. E “Geddel das malas” faz referência a escândalo que envolve Geddel Vieira Lima, ex-ministro da Secretaria de Governo, preso após operação da Polícia Federal encontrar R$ 51 milhões a ele atribuídos, em malas em um bunker em Salvador.

Quando diz que “enfrentou” Geddel, Calero faz menção direta a seu pedido de demissão em novembro de 2016. Logo após entregar o cargo, afirmou à Folha, que sua decisão foi tomada porque estava sofrendo pressão de Geddel para que interviess­e na aprovação, no Iphan, órgão de preservaçã­o subordinad­o à pasta da Cultura, de projeto imobiliári­o em uma área tombada em Salvador.

O político foi preso preventiva­mente em setembro do ano passado, após a apreensão dos R$ 51 milhões. O emedebista foi denunciado por fazer parte, com outros integrante­s de seu partido, de organizaçã­o criminosa que desviava recursos de órgãos públicos e estatais, entre eles a Caixa Econômica Federal, e por ter recebido propina da JBS.

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