Petrobras diz que pode evitar reajuste no preço da gasolina por até 15 dias
Para estatal, novo mecanismo ameniza impacto do dólar sobre valor na bomba sem causar perda à empresa
A Petrobras anunciou nesta quinta-feira (6) revisão na política de preços da gasolina, com a criação de um mecanismo para conter altas geradas por fatores externos, como desastres naturais e choques cambiais.
O anúncio da estatal ocorre após uma sequência de aumentos provocados pela escalada do dólar, que elevou o preço cobrado por suas refinarias em 12% desde o dia 18 de agosto.
A medida foi comemorada pelos postos de combustíveis, mas gerou dúvidas no mercado, que apontou risco de retrocesso na política instituída em 2016 para pôr fim ao período de perdas com a venda de combustíveis.
Anunciada em outubro de 2016 e revista em julho de 2017 para permitir reajustes diários, a política de preços da Petrobras entrou no foco do debate político durante a paralisação dos caminhoneiros, provocada por insatisfação pela alta do diesel.
A estatal diz que continuará acompanhando as cotações internacionais e as variações do dólar, mas a partir de agora a área comercial pode propor períodos de até 15 dias sem repasses quando entender que o mercado está sendo pressionado por razões externas.
Segundo a empresa, o objetivo é suavizar o repasse das volatilidades aos seus clientes e aos consumidores.
Os reajustes diários continuam autorizados, mas podem ser suspensos em períodos de volatilidade excessiva da cotação.
“O resultado final não vai ser alterado. Se subir 13% neste período [em que os repasses estiverem represados], no final vai ter 13% de aumento”, afirmou o diretor de refino e gás da estatal, Jorge Celestino.
A empresa disse que usará mecanismos financeiros de proteção, conhecidos como hedge, para manter as margens de lucro.
Ao decidir segurar os repasses, comprará contratos futuros de gasolina ou de câmbio, que serão vendidos após os reajustes.
A Fecombustíveis, federação que reúne os donos de postos, disse que a decisão pode trazer mais previsibilidade ao mercado.
Em maio, uma semana antes da paralisação dos caminhoneiros, a entidade havia classificado como “perversa” a política de preços da estatal.
Logo após o anúncio, o analista Gabriel Fonseca, da corretora XP, disse que a notícia “deveria ser lida como negativa”.
“Pode ser interpretada como um retrocesso na política de preços, dado que a empresa ficaria mais exposta a potenciais perdas em momentos de volatilidade.”
Em junho, após a paralisação dos caminhoneiros, a ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis) abriu consulta pública para estudar prazos mínimos para reajustes, mas o processo foi concluído sem a definição de novas regras.
A revisão da política da gasolina começou a ser discutida em meados de julho, quando o processo da ANP ainda estava em curso.
A empresa defende que se trata de um “aperfeiçoamento” de sua política de preços.
Em janeiro, a Petrobras já havia revisto a política de preços do gás de botijão, que