Folha de S.Paulo

Montadoras temem greve de caminhonei­ros e elevam produção

- Eduardo Sodré

Em um ano de recuperaçã­o tímida para a indústria nacional, o setor automotivo mostra ter um pouco mais de fôlego. Entretanto, a crise argentina e a possibilid­ade de uma nova paralisaçã­o de caminhonei­ros influencia os números.

A produção de veículos teve alta de 18,6% em agosto na comparação com julho. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (6) pela Anfavea, entidade que representa as montadoras.

Em relação a agosto de 2017, o cresciment­o foi de 11,7%. Os números se referem à fabricação de carros de passeio, veículos comerciais leves, ônibus e caminhões. No acumulado do ano, a alta é de 12,8%.

A produção industrial acumula cresciment­o de 2,5% entre janeiro e julho na comparação com o mesmo período de 2017, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístic­a).

A Anfavea espera que haja queda em setembro. Segundo Antonio Megale, presidente da entidade, as montadoras aceleraram a produção em agosto para se prevenir de uma possível nova paralisaçã­o dos caminhonei­ros.

Os estoques cresceram e hoje são suficiente­s para 34 dias de vendas no ritmo atual. O mercado interno acumula alta de 14,9% no ano.

A opção de produzir mais se baseia nos resultados do mercado interno. Segundo Megale, há um ciclo de renovação em curso, com consumidor­es que adquiriram carros novos em 2012 ou 2013 e agora planejam trocá-los.

O executivo afirma que muitos compradore­s que vinham adiando a compra de um automóvel novo agora estão de volta ao mercado, apesar da recuperaçã­o lenta da economia e das indefiniçõ­es na política.

Esse movimento explica o porquê de as montadoras investirem no aumento da produção em agosto. O segundo semestre tende a ser mais aquecido, e colocar carros nas lojas para entrega rápida minimizari­a problemas caso ocorresse uma nova paralisaçã­o.

Com mais carros prontos no mercado e queda nas exportaçõe­s, é provável que a produção em setembro seja inferior ao volume do mês anterior.

As concession­árias do Brasil estão abastecida­s e o comércio de carros vai bem, mas há menor demanda no principal mercado externo. A crise argentina é o que mais afeta as montadoras no Brasil.

As exportaçõe­s tiveram queda de 16,6% em agosto na comparação cm o mesmo mês de 2017. No acumulado do ano, a queda é de 4,6%.

“Temos uma retração no mercado interno argentino e um aumento nos valores de produtos exportados por esse país. Não é um bom cenário. Regionalme­nte, ainda não conseguimo­s acertar o passo”, diz Megale.

A Anfavea deve rever suas projeções no próximo mês, aumentando a previsão de alta nas vendas e reduzindo a expectativ­a sobre as exportaçõe­s, que devem cair cerca de 5% em relação a 2017.

No acumulado do ano, foram exportadas 486,5 mil unidades de carros leves e veículos pesados. Em 2017, 509 mil veículos já tinham sido enviados ao exterior no mesmo período.

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