Montadoras temem greve de caminhoneiros e elevam produção
Em um ano de recuperação tímida para a indústria nacional, o setor automotivo mostra ter um pouco mais de fôlego. Entretanto, a crise argentina e a possibilidade de uma nova paralisação de caminhoneiros influencia os números.
A produção de veículos teve alta de 18,6% em agosto na comparação com julho. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (6) pela Anfavea, entidade que representa as montadoras.
Em relação a agosto de 2017, o crescimento foi de 11,7%. Os números se referem à fabricação de carros de passeio, veículos comerciais leves, ônibus e caminhões. No acumulado do ano, a alta é de 12,8%.
A produção industrial acumula crescimento de 2,5% entre janeiro e julho na comparação com o mesmo período de 2017, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
A Anfavea espera que haja queda em setembro. Segundo Antonio Megale, presidente da entidade, as montadoras aceleraram a produção em agosto para se prevenir de uma possível nova paralisação dos caminhoneiros.
Os estoques cresceram e hoje são suficientes para 34 dias de vendas no ritmo atual. O mercado interno acumula alta de 14,9% no ano.
A opção de produzir mais se baseia nos resultados do mercado interno. Segundo Megale, há um ciclo de renovação em curso, com consumidores que adquiriram carros novos em 2012 ou 2013 e agora planejam trocá-los.
O executivo afirma que muitos compradores que vinham adiando a compra de um automóvel novo agora estão de volta ao mercado, apesar da recuperação lenta da economia e das indefinições na política.
Esse movimento explica o porquê de as montadoras investirem no aumento da produção em agosto. O segundo semestre tende a ser mais aquecido, e colocar carros nas lojas para entrega rápida minimizaria problemas caso ocorresse uma nova paralisação.
Com mais carros prontos no mercado e queda nas exportações, é provável que a produção em setembro seja inferior ao volume do mês anterior.
As concessionárias do Brasil estão abastecidas e o comércio de carros vai bem, mas há menor demanda no principal mercado externo. A crise argentina é o que mais afeta as montadoras no Brasil.
As exportações tiveram queda de 16,6% em agosto na comparação cm o mesmo mês de 2017. No acumulado do ano, a queda é de 4,6%.
“Temos uma retração no mercado interno argentino e um aumento nos valores de produtos exportados por esse país. Não é um bom cenário. Regionalmente, ainda não conseguimos acertar o passo”, diz Megale.
A Anfavea deve rever suas projeções no próximo mês, aumentando a previsão de alta nas vendas e reduzindo a expectativa sobre as exportações, que devem cair cerca de 5% em relação a 2017.
No acumulado do ano, foram exportadas 486,5 mil unidades de carros leves e veículos pesados. Em 2017, 509 mil veículos já tinham sido enviados ao exterior no mesmo período.