Folha de S.Paulo

‘A Freira’ não faz feio diante de ‘Invocação do Mal’

Derivado do filme de terror é até bem dirigido por Corin Hardy e revela a excelente atriz Taissa Farmiga, irmã de Vera

- Sérgio Alpendre

(The Nun). EUA, 2018. Direção: Corin Hardy. Elenco: Taissa Farmiga, Demián Bichir, Jonas Bloquet. 14 anos. Em cartaz Em 2013, James Wan, diretor australian­o (descendent­e de chineses) do medonho “Jogos Mortais” (2004) e do razoável “Sobrenatur­al” (2010), deu um salto em sua carreira com “Invocação do Mal”, longa que o fortaleceu também como produtor, além de ser o primeiro de uma leva de bons filmes de horror.

“Corrente do Mal” (2014), de David Robert Mitchell, e “A Bruxa” (2015), de Robert Eggers, aumentaram o sarrafo. E o próprio Wan voltou ainda mais fortalecid­o como produtor e diretor de “Invocação do Mal 2” (2016), um dos filmes mais assustador­es de todos os tempos.

Esqueçamos “Hereditári­o”, de Ari Aster, que abriu 2018 aterroriza­ndo Sundance. Trata-se de uma bombinha de São João perto dos filmes do parágrafo anterior.

“A Freira” surge como um desmembram­ento de “Invocação do Mal 2”. Traz novamente o monstro deste último, o demônio Valak, que se disfarça de freira para chegar perto de território­s sagrados.

Há um recuo de duas décadas na cronologia da série. Em 1952, uma freira se suicida na porta de um convento romeno. O Vaticano manda para investigar o caso um padre, Anthony Burke (Demián Bichir), e uma noviça, Irene (Taissa Farmiga, irmã de Vera Farmiga).

Por que esses dois não fica muito claro. É como se o Vaticano soubesse exatamente quem teria forças para combater o demônio. O padre tem um trauma e a noviça, visões.

Não é nova a associação entre freiras e horror. Alfred Hitchcock sabia muito bem o que estava fazendo quando colocou uma freira assustador­a no final de “Um Corpo que Cai” (1958). E Jerzy Kawalerowi­cz filmou o horror num convento em “Madre Joana dos Anjos” (1961), obra-prima do cinema moderno polonês. São apenas dois, entre muitos que poderiam ser citados.

“A Freira” não chega aos pés desses dois, mas não faz feio se comparado aos filmes da série “Invocação do Mal”.

Sofre um pouco com as exigências atuais do gênero, como o abuso da câmera reveladora. Mas, tirando isso e o excesso de sustos, é até bem dirigido e revela a excelente atriz Taissa Farmiga.

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Divulgação Taissa Farmiga como Irene em ‘A Freira’

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