Para 72%, intervenção federal no RJ deve seguir
Segundo Datafolha, maioria no estado defende prorrogar ação na segurança, válida até dezembro
Segundo pesquisa do Datafolha, a maioria dos moradores do estado defende estender a intervenção na segurança pública, que termina em 31 de dezembro. Disseram-se contrários à prorrogação 21%.
A fatia dos favoráveis diminui entre pessoas com nível superior; 63% delas querem a prorrogação, e 31% não. Já entre aqueles com ensino fundamental, 79% querem a extensão, e 13% não.
são paulo A maioria da população do Rio de Janeiro defende prorrogar a intervenção federal na segurança pública, prevista para acabar em 31 de dezembro deste ano.
Segundo pesquisa do Datafolha, 72% dos moradores do estado são a favor da continuidade da medida para além do prazo programado. Dentre os entrevistados, 21% são contrários à prorrogação, 4% não sabiam e 4% eram indiferentes.
O levantamento foi realizado entre 4 e 6 de setembro, com 1.357 pessoas de 16 anos ou mais. A margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos.
A intervenção federal na segurança pública foi decretada em fevereiro deste ano pelo presidente Michel Temer (MDB) com a justificativa de combater a escalada da violência. O general do Exército Walter Braga Netto foi nomeado interventor e assumiu controle das polícias, bombeiros e setor penitenciário do Rio.
Antes disso, desde julho de 2017, já havia homens do Exército nas ruas do estado. Em meio à grave crise financeira e de segurança pública no Rio, foi decretada na época a GLO (Garantia da Lei e da Ordem), que dava aval à participação dos militares, embora as polícias ainda estivessem sob comando do governo estadual.
Nesta semana, foi assinado um plano de transição para encerrar a intervenção federal no Rio.
Em entrevista à Folha em agosto, Raul Jungmann, ministro da Segurança Pública, afirmou que a intervenção deveria acabar no prazo inicialmente previsto, porque os responsáveis já demonstraram não querer a sua renovação.
Em junho, Jungmann chegou a defender que a intervenção fosse renovada para, pelo menos, dezembro de 2019. Mas, vencido na discussão interna, optou pelo “meio-termo”, que seria a continuidade “da reestruturação das forças de segurança” no Rio e a manutenção da operação de Garantia da Lei e da Ordem.
O comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, declarou no mês passado que “aparentemente” só os militares têm se dedicado a resolver os problemas no Rio.
O apoio à continuidade da intervenção na capital é um pouco menor do que na média do estado: 68% são favoráveis e 25%, contrários. Já no interior 75% querem prorrogá-la.
As opiniões variam de acordo com a escolaridade, renda e idade do entrevistado.
Entre os mais jovens, de 16 a 24 anos, é menor o apoio à continuidade: 59%. Quanto mais escolarizado, menor a intenção de prolongar a intervenção na segurança: entre pessoas com nível superior, 63% desejam a medida; com ensino fundamental, 79%.
Por critério de renda, os mais ricos, que ganham acima de dez salários mínimos, são os que menos apoiam: 57%, contra 76% entre os mais pobres, que recebem até dois salários mínimos.
A intervenção federal no comando da segurança pública do Rio de Janeiro completou seis meses em 16 de agosto.
A medida ainda não conseguiu reduzir os homicídios, acumula a maior taxa de mortes por policiais desde 2008 e tem retirado menos armas das ruas.
Também foram realizadas mais de 300 operações das forças de segurança desde fevereiro, com aumento de 60% dos disparos e tiroteios registrados pela plataforma colaborativa Fogo Cruzado.
Há a previsão de contratação de 400 policiais militares até 2019 e treinamento de 2.500 agentes até dezembro.
O orçamento do governo federal, de R$ 1,2 bilhão, tem sido usado majoritariamente na compra de materiais, mas não chegou ainda aos batalhões e delegacias. Na lista estão munições (1,1 milhão), armas (11 mil) e veículos (1.350), além de equipamentos para a polícia técnica e manutenção de blindados.
No sistema penitenciário, a principal ação foi uma operação que transferiu 5.400 presos, seguindo um decreto do interventor que permite maior fluxo de detentos.
A intervenção foi decretada sem um plano pronto logo depois do Carnaval, quando cenas de roubos em áreas nobres foram divulgadas pela imprensa e aumentaram a percepção de insegurança e vácuo no governo do estado.
O apoio dos moradores do município do Rio de Janeiro à presença do Exército em operações de Garantia da Lei e da Ordem vem caindo nos últimos meses, apesar de ainda ser majoritário, de acordo com outra pesquisa do Datafolha, divulgada em agosto.
O índice dos que são a fa- vor da convocação dos militares caiu de 76%, em março de 2018, para 66% em agosto.
Desde outubro de 2017, quando pesquisa do Datafolha fez essa pergunta pela primeira vez, a aprovação às Forças Armadas na capital fluminense já perdeu 17 pontos — naquele mês, eram 83% favoráveis ao emprego de militares contra a violência no Rio.
rio de janeiro O plano com medidas de transição para o fim da intervenção federal na segurança do Rio de Janeiro foi assinado nesta semana pelo governador Luiz Fernando Pezão (MDB) e pelo interventor Walter Braga Netto.
De acordo com o coronel Carlos Cinelli, porta-voz do Comando Militar do Leste, o documento possui diretrizes, metas e sugestões para o próximo governante do Rio de Janeiro dar continuidade a medidas que estão sendo implementadas hoje pelo Exército.
Entre elas estão a identificação de gargalos administrativos e treinamento de policiais.
A intervenção na segurança tem término previsto para 31 de dezembro. Após essa data, representantes do Exército deverão ser retirados do comando da segurança, mas alguns cargos administrativos serão mantidos por militares.
Segundo Cinelli, a manutenção dos cargos é necessária para que a verba de R$1,2 bilhão, disponibilizada em abril pelo governo, seja aplicada em batalhões da PM e delegacias.
“Serão poucos cargos-chave administrativos que permanecerão ativos. Se deixassem de existir, haveria um entrave na aplicação dos recursos.”
Governo assina plano de transição para fim de atuação federal Luisa Leite
“Passados seis meses, apesar do trabalho intenso de seus responsáveis, da aprovação do povo e de estatísticas que demonstram a diminuição dos níveis de criminalidade, o componente militar é, aparentemente, o único a engajar-se na missão Eduardo Villas Bôas, comandante do Exército, em 24.ago.18