Folha de S.Paulo

Autor agiu em reação a frase sobre quilombo, diz defesa

- Lucas Vettorazzo e Rubens Valente

A defesa de Adelio Bispo de Oliveira afirmou que o agressor agiu sozinho e por motivação política, religiosa e racial.

Segundo o advogado Zanone Manoel de Oliveira Júnior, ele cometeu o crime sem ajuda de ninguém.

Segundo o defensor, Oliveira teria se sentido ofendido com uma fala de Bolsonaro sobre quilombola­s. Numa palestra no clube Hebraica, no Rio, ele disse que quilombola­s “nem para procriar servem”. Bispo se considerar­ia negro, e a fala teria abalado “de forma avassalado­ra a psiquê” do agressor.

Oliveira, que deve ser transferid­o para um presídio federal em Campo Grande (MS), foi indiciado pela Lei de Segurança Nacional. A Polícia Federal optou por usar esse instrument­o, da época do regime militar, como estratégia para “firmar a competênci­a” da Justiça Federal sobre o caso. A Justiça decretou sua prisão preventiva.

Ele poderia ter sido indiciado por tentativa de homicí- dio, mas no decorrer do processo a defesa do acusado poderia levantar dúvida legal sobre a competênci­a do inquérito e do julgamento.

O indiciamen­to ainda será avaliado pelo Ministério Público Federal, a quem cabe confirmar ou discordar do indiciamen­to e do tipo penal usado.

Logo após o ataque, surgiu uma dúvida sobre a quem caberia a condução do inquérito para investigar o crime, se à Polícia Federal ou se à Polícia Civil de Minas, ao lado do Ministério Público estadual e da Justiça comum mineira.

A PF confirmou que Oliveira foi indiciado sob acusação de infringir o artigo 20 da lei.

O artigo prevê pena de três a dez anos de reclusão, porém ela é aumentada para de seis a 20 anos caso o crime envolva “lesão corporal grave”.

Criada no final da ditadura, a Lei de Segurança Nacional é considerad­a por especialis­tas como um entulho autoritári­o.

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Reprodução Foto publicada por Adelio Bispo de Oliveira (de camisa vermelha)em seu perfil no Facebook

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