Folha de S.Paulo

Doria e França escondem Alckmin em programa de TV

Ex-prefeito e ex-vice governador disputaram apoio do presidenci­ável em SP

- Gabriela Sá Pessoa

O palanque duplo em São Paulo do presidenci­ável e ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), ao menos na TV, parece ter se dissolvido. Após meses trocando farpas e assistindo a aliados se digladiand­o no parlamento, João Doria (PSDB) e Márcio França (PSB) esconderam o ex-governador em suas inserções no horário eleitoral.

Embora ambos defendam Alckmin em entrevista­s e nos debates, a primeira semana de programas televisivo­s dos aliados do ex-governador deixou a impressão de que São Paulo não foi gerida pelo tucano nos últimos oito anos.

Doria exibiu uma imagem ao lado do governador em sua primeira peça, na sexta (31). Na segunda (3), quando levou ao ar seu mea culpa pela renúncia à Prefeitura da capital, disse que teria condições de ajudar mais a cidade com Bruno Covas (PSDB) como prefeito, Alckmin presidente e ele no Bandeirant­es.

Na quarta (5), o tucano tratou de segurança: “Graças aos governos do PSDB, São Paulo tem a polícia mais equipada, a menor taxa de homicídios, o maior investimen­to e a mais alta tecnologia”. Nenhuma palavra sobre Alckmin.

“Há muito pouco tempo, sou o novo governador de São Paulo. É um trabalho em tempo integral”, ouve-se a voz de França, narrando uma cena em que ele abre o mapa de São Paulo a bordo de um avião no programa de segunda (3).

Na sequência, a peça começa a falar da biografia do candidato. Na tela, uma foto do “novo governador” com Mario Covas (1930-2001), o primeiro dos tucanos a governar São Paulo nos últimos 24 anos, introduz que o candidato foi prefeito de São Vicente. Depois, deputado e vice-governador —não diz de quem.

O duplo palanque a Alckmin dividiu a base do governador no estado que ele governou por oito anos. Parte dos partidos se aliou a Doria, parte ficou com França.

“Eu tentei que a nossa base tivesse um só candidato. Procurei o Márcio França: você topa não ser candidato? Olha, Geraldo, essa é a oportunida­de que vou ter. Sou vice, se você sai, eu assumo. Só posso disputar o governo, não pos- so disputar outro cargo”, contou o presidenci­ável tucano à rádio Jovem Pan, em junho.

As relações de Doria e Alckmin estremecer­am com as movimentaç­ões do ex-prefeito para assumir a indicação tucana para a Presidênci­a. A saída do PSDB foi lançá-lo ao Bandeirant­es.

Coordenado­r de comunicaçã­o da campanha de Márcio França, Felipe Soutello diz que a prioridade é tornar seu candidato conhecido e mostrá-lo o máximo de tempo possível na tela. Falar em Alckmin, ele avalia, poderia gerar questionam­entos do PSDB, por explorar a imagem de um candidato de outra coligação.

“Qualquer tentativa de minimizar a importânci­a do Geraldo é especulaçã­o. Fizemos eventos juntos em São José dos Campos, num domingo. Todas as peças da campanha [de governador, deputado e senador] têm o nome do Geraldo como candidato a presidente”, diz Rodrigo Garcia (DEM), vice de Doria e coordenado­r de campanha.

Garcia afirma que a primeira semana na TV é para apresentar o candidato e suas propostas e, futurament­e, haverá depoimento­s de Alckmin nas peças televisiva­s de Doria.

Divulgada na quinta (6), a primeira pesquisa Datafolha após o início do horário eleitoral mostrou Doria com os mesmos 25% de intenções de voto que tinha na sondagem anterior, de 21 de agosto.

O tucano detém a maior fatia de inserções no horário eleitoral. Consideran­do a margem de erro de três pontos percentuai­s, ele está empatado com Paulo Skaf (MDB), que registra 23% e também não menciona seu presidenci­ável, Henrique Meirelles (MDB) ou o presidente Michel Temer.

Márcio França, dono do segundo maior tempo de rádio e TV, foi de 4% para 8%. Na sequência, Luiz Marinho (PT) tem 5%. O programa de estreia do petista foi inteiro narrado por Lula, que aparece no final sentado ao lado de Marinho.

Na sexta (7), Marinho exibiu imagens ao lado de Fernando Haddad, que substituir­á Lula na corrida presidenci­al, e de Manuela D’Àvila (PC do B), futura vice na chapa petista.

“Qualquer tentativa de minimizar a importânci­a do Geraldo é especulaçã­o. Fizemos eventos juntos. Todas as peças têm o nome do Geraldo como candidato a presidente. Rodrigo Garcia candidato a vice-governador de Doria e coordenado­r da campanha da coligação em SP

 ?? Danilo Verpa/Folhapress ?? O governador de SP, Márcio França, ao lado da primeira-dama Lúcia França no desfile de 7 de Setembro
Danilo Verpa/Folhapress O governador de SP, Márcio França, ao lado da primeira-dama Lúcia França no desfile de 7 de Setembro
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Divulgação O candidato a governador João Doria (PSDB), em campanha em Itanhaém (SP)

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