Folha de S.Paulo

Serena Williams tenta marca histórica diante de fã japonesa

Tenista americana pode se tornar a maior ganhadora de torneios Grand Slam diante da revelação Naomi Osaka

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Cenário improvável no início da temporada, a tenista americana Serena Williams, 36, pode alcançar uma marca histórica neste sábado (8), quando disputará em Nova York a final do Aberto dos Estados Unidos, diante da japonesa Naomi Osaka, às 17h.

Pouco mais de um ano depois do nascimento de sua filha, Alexis Olympia —quando inclusive passou por graves problemas de saúde, que a deixaram sob risco de morte—, Serena pode tornar-se a maior ganhadora de torneios da série Grand Slam, ao lado da francesa Margaret Court.

Se conquistar o título neste sábado, a americana também passará a somar 24 títulos em competiçõe­s deste nível.

Ex-número um do mundo —ocupa atualmente a 26ª posição—, Serena Williams chega à decisão marcando de vez a retomada de sua carreira.

Ela já havia sido finalista de um Grand Slam neste ano, quando terminou com o vicecampeo­nato em Wimbledon, perdendo a final para a alemã Angelique Kerber.

Em caso de um triunfo neste sábado, Serena Williams também alcançará a marca de sete títulos em nove finais disputadas no Aberto dos EUA. Neste caso, se tornaria a segunda maior vencedora do torneio, ao lado da americana Helen Moody, e com um título a menos do que a norueguesa naturaliza­da americana Molla Mallory.

“É notável chegar a esta final. Não podia ter previsto tudo isso, apenas estava trabalhand­o muito duro. Como eu já disse, esse é apenas o começo do meu retorno. Há ainda muito mais o que planejo fazer. O que mais me anima é que ainda há muito o que evoluir”, disse Serena, após sua vitória na semifinal sobre a letã Anastasija Sevastova por 2 sets a 0, parciais de 6/3 e 6/0.

O mais irônico é que a rival de Serena Williams na decisão é alguém que a tem como ídolo máximo no tênis.

Com apenas 20 anos, a japonesa Naomi Osaka vem se tornando uma das grandes promessas do circuito mundial. Filha de mãe japonesa e pai haitiano, ela viu o tênis surgir em sua vida justamente por influência de Serena e sua irmã Venus Williams.

Em 1999, o pai François acompanhav­a a transmissã­o do torneio de Roland Garros e ficou impression­ado quando soube que as irmãs americanas, então com 17 e 18 anos, foram treinadas pelo pai com o objetivo de se tornarem campeãs profission­ais. Coincident­emente, as duas ganharam o título de duplas daquele torneio.

O plano foi posto em prática logo depois que a família trocou a cidade de Osaka, no Japão, por Long Island, nos Estados Unidos, onde viviam os avós haitianos. Lá, Naomi e a irmã Mari passaram a ter acesso a quadras públicas e treinar muito, todos os dias.

“Eu não gostava de ficar batendo bola, o que eu queria mesmo era ganhar da minha irmã, mas ela sempre vencia por 6/0”, disse Naomi, em entrevista recente ao jornal The New York Times.

Anos depois, Naomi espantou o mundo do tênis ao conquistar o título do torneio de Indian Wells em março deste ano. Foi seu primeiro como profission­al, quando bateu a então número um do mundo, a romena Simona Halep na semifinal, e a russa Daria Kasatkina na decisão.

Número 19 do ranking da WTA (Associação das Tenistas Profission­ais), a japonesa é fã declarada de sua rival na decisão de seu primeiro Slam.

“Isso tudo parece ser surreal. Quando era criança, eu me imaginava sendo Serena na final de um Grand Slam. Apenas o fato de isso realmente acontecer já me deixa muito feliz”, afirmou Naomi, após superar a americana Madison Keys na semifinal de quinta (6).

Sincera, a japonesa sabe que a admiração que tem por Serena Williams pode ser fatal na decisão deste sábado.

“Embora eu devesse aproveitar este momento, sei que deveria encarar apenas como um outro jogo. Não deveria encará-la como meu ídolo e sim como um adversário qualquer”, afirmou Naomi.

Curiosamen­te, a japonesa leva vantagem no único confronto que teve até hoje contra Serena Williams. Aconteceu no torneio de Miami, deste ano, ainda pela primeira rodada. Uma tranquila vitória de 2 a 0, parciais de 6/3 e 6/2.

Para Naomi Osaka, a partida não trouxe maiores emoções. “Sinceramen­te, eu imaginava que fosse ser algo espetacula­r, mas quando pisei na quadra, encarei como um outro jogo qualquer. Penso que fui capaz de jogar bem naquele dia. Ela será sempre alguém que admiro, mas do ponto de vista do tênis, eu tenho que seguir meu próprio estilo, sem me preocupar exatamente no que ela está fazendo”, afirmou.

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Eduardo Munoz Alvarez/AFP A japonesa Naomi Osaka saca durante a vitória sobre a americana Madison Keys na semifinal do Aberto dos Estados Unidos

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