Folha de S.Paulo

Usar foto de Moro é homenagem, diz Alvaro Dias

Candidato do Podemos diz que não consultou juiz titular da Lava Jato antes de utilizá-lo na campanha presidenci­al

- José Marques Lucas Lima/UOL

Em entrevista à Folha, UOL e SBT na série de sabatinas com os presidenci­áveis, o candidato do Podemos afirmou não ter pedido autorizaçã­o a Sergio Moro para utilizar a imagem do juiz federal em sua campanha.

são paulo Com uma campanha que usa nome e imagem do juiz Sergio Moro, o candidato à Presidênci­a Alvaro Dias (Podemos) disse nesta segunda (10) que não pediu autorizaçã­o ao magistrado para usá-los, mas que presta uma homenagem a ele.

Em entrevista à Folha, UOL e SBT na série de sabatinas com os candidatos a presidente, Dias diz que o juiz não o procurou para impedir o uso.

Nome e imagem de Moro

Não [pedi autorizaçã­o]. Mas o mundo homenageia o Sergio Moro, não sou só eu. O Brasil deve muito a ele, é o ícone de uma nova Justiça. Até Sergio Moro, o conceito que se tinha de Justiça no Brasil era de uma Justiça contra os pobres, especialme­nte negros. Depois que a caneta de Sergio Moro começou a assinar petições e decisões judiciais, nós começamos a ver poderosos irem para a cadeia: ex-presidente­s, ex-governador­es, grandes empresário­s, banqueiros e marqueteir­os. Só falta acabar com o foro privilegia­do.

[Moro] Não [se opôs à campanha]. O que ele alega corretamen­te é que como juiz ele não pode se manifestar politicame­nte. Ocorre que a sugestão do nome dele, o convite público a ele se dá em nome do desejo de que o combate à corrupção seja realmente uma política de Estado e que a Operação Lava Jato seja o símbolo desta política.

Ataque a Bolsonaro

Primeiro, eu quero manifestar solidaried­ade a ele [Bolsonaro], à família e aos seus eleitores. Mas somos 208 milhões de brasileiro­s, não apenas um que está no [hospital Albert] Einstein. Não vamos resolver as desigualda­des de oportunida­des, que decorrem da desigualda­de perante a lei, a bala ou a facada. Não é com revólver na cintura. Indignação é uma coisa, mas não se confunde com o ódio e a raiva.

Tiros na caravana de Lula

Naquele episódio eu disse que houve provocação, e houve. Um inelegível caminhando como se fosse candidato, isso é provocação.

Cresciment­o de 5%

Tenho até constrangi­mento em falar dessas propostas exatamente pela descrença. Mas eu tenho autoridade de falar e me sinto em condições de falar porque a minha primeira proposta é a refundação da República, é outra República, não é essa. Em outra República é possível.

Mudando esse sistema e fazendo as reformas que nós podemos fazer com apoio da população brasileira, o Brasil será outro, a República será outra. Nós vamos eliminar as desigualda­des de oportunida­des. É possível crescer 5%

em média ao ano.

Mudanças de partido 7 vezes

Parece contraditó­rio, mas eu nunca mudei de partido. Por quê? Porque nós não temos partidos. Temos siglas. Algumas delas foram considerad­as pela Operação Lava Jato como organizaçõ­es criminosas.

Para não mudar de lado, eu fui mudando de sigla, tentando achar um lugar onde eu pudesse respirar mais confortave­lmente. Onde eu pudesse ter uma ferramenta política para cumprir o meu dever e sempre tive dificuldad­e.

Por isso eu digo que sempre fui um indignado, um revoltado, um contestado­r desse sistema, da velha política. Eu represento a nova política.

Candidatur­a de Haddad

Ele vai carregar o ônus de ser o representa­nte de uma organizaçã­o que destruiu o país nos últimos anos. O PT arruinou o Brasil. Ele será o representa­nte da tragédia. Terá que ter muita competênci­a para convencer o povo brasileiro que a tragédia é boa.

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O senador Alvaro Dias, candidato a presidente da República pelo Podemos, em sabatina da Folha, UOL e SBT

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