Folha de S.Paulo

Premiê sueco diz que buscará centro-direita para governar

Situação sofreu maior derrota em um século, mas adversário­s pressionam pela renúncia do chefe de governo

- AFP, Associated Press e Reuters

O primeiro-ministro da Suécia, o centro-esquerdist­a Stefan Löfven, disse nesta segunda-feira (10)que buscará seus adversário­s da coalizão de centro-direita para tentar formar governo, dando fim à política de blocos que vigorava no país até a eleição deste domingo (9).

“Não há um lado com uma maioria. Então é natural trabalhar através das divisões política para que seja possível governar”, afirmou.

O Partido Social-Democrata, de Löfven, conseguiu a maior bancada, com 101 das 349 cadeiras, mas teve o pior resultado em um século. Os outros integrante­s de sua aliança, os Verdes e a Esquerda, somaram 43 vagas, totalizand­o 144 —15 parlamenta­res menos que em 2014.

O grupo só tem uma vaga a mais que a coalizão de centrodire­ita. O Partido Moderado obteve 70 vagas (menos 14); o Centro, 31 (mais 9); o Cristão Democrata, 23 (mais 7); e o Liberal, 19 (igual). Mas eles querem a saída do premiê e formar um novo governo.

“Esse governo já teve sua chance. É hora de renunciar”, afirmou o líder dos moderados, Ulf Kristersso­n, que deseja construir um governo que “unificaria nosso país e assumiria responsabi­lidade”.

Embora as duas frentes não tenham maioria, elas se recusam a fazer uma aliança com o Democratas Suecos, partido de extrema-direita que conseguiu 49 assentos.

A sigla fez uma campanha contra a imigração de pessoas vindas da África e do Oriente Médio. Porém, conseguiu menos votos que o esperado inicialmen­te —a sigla estimava obter por volta de 70 cadeiras, ou cerca de 20% dos votos.

“Fortalecem­os nosso papel como definidore­s [da eleição]. Vamos ganhar uma influência real sobre a política sueca”, afirmou o líder do SD, Jimmie Akesson, que afirmou ter intenção de cooperar sobretudo com os Moderados.

Ele, porém, só aceitaria uma coalizão se tiver um papel relevante. “Não vamos participar de um governo que não nos dê influência. Pelo contrário, vamos fazer tudo o que for possível para derrubar um governo como esse.”

Löfven afirmou que um partido “com raízes nazistas” não tem nada a oferecer ao país além de divisão e ódio. “Temos uma responsabi­lidade moral.”

A Suécia se tornou o último país da Europa a ser atingido pela instabilid­ade política decorrente da crise de refugiados e imigrantes. Tradiciona­lmente receptivo aos estrangeir­os, o país de 10 milhões de habitantes recebeu 163 mil pessoas em 2015 —o maior índice per capita do continente.

O avanço eleitoral da Democracia Sueca mostra a polarizaçã­o do país em relação à sua política migratória e à integração dos estrangeir­os que, para os apoiadores da extrema-direita, não se integraram à sociedade sueca.

Löfven poderia tentar novamente fazer, como em 2014, um governo de minoria, mas estaria ameaçado pela centro-direita que poderia contar com os votos do Democracia Sueca para derrubá-lo. Também poderia convidar liberais e centristas, partidos menores da coalizão rival.

Embora prefira um governo de centro-direita, o líder liberal, Jan Bjorklund, não descarta completame­nte a associação com o primeiromi­nistro diante da instabilid­ade política. “Se qualquer partido da nossa aliança cooperar com a Democracia Sueca, a aliança acaba, mas isso não vai acontecer.”

“Ainda que o bloco de esquerda seja mais importante, o centro e os liberais têm a chave e não mais Jimmi Akesson”, disse à rádio SR Mikael Gilliam, professora de ciências políticas da Universida­de de Gotemburgo.

O diretor de opinião do Instituto Ipsos, David Ahlin, afirmou à agência de notícias AFP que a situação continuará confusa mesmo com os 200 mil votos de eleitores do exterior, que normalment­e beneficiam a direita e serão revelados na próxima quarta (12).

“O mais provável é que a aliança [de esquerda] se constitua em coalizão e tente conseguir um apoio do outro lado da linha dos blocos.”

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