Folha de S.Paulo

Crise financeira na Turquia desacelera as exportaçõe­s de gado vivo do Brasil

- Mauro Zafalon mauro.zafalon@uol.com.br Eduardo Anizelli - 22.fev.17/Folhapress

A exportação brasileira de gado vivo perdeu ritmo nos últimos meses após o agravament­o da crise financeira na Turquia. O país é líder na compra de gado em pé do Brasil.

“A crise na Turquia atingiu em cheio o setor, que teve, inclusive, cancelamen­to de contratos”, diz Gastão Carvalho Filho, presidente da Boi Branco e exportador de gado vivo.

As importaçõe­s turcas, que somaram US$ 72 milhões (R$ 295 milhões) em maio, recuaram para uma média mensal de US$ 29 milhões (R$ 119 milhões) em julho e agosto. “Em setembro, deverão cair ainda mais”, diz o executivo da Boi Branco.

A crise da Turquia já era sentida no setor de exportação de gado nos últimos meses, segundo ele. Mesmo assim, os turcos compraram o correspond­ente a US$ 253 milhões (R$ 1 bilhão) neste ano em gado, de um total de US$ 316 milhões (R$ 1,3 bilhão) exportados pelo Brasil. Os dados são da Secex (Secretaria de Comércio Exterior).

Apesar da redução das importaçõe­s da Turquia, o mercado vai achar novos caminhos, na avaliação de Carvalho Filho. Já foi assim quando a Venezuela, até então principal importador brasileiro, saiu do mercado por causa dos problemas econômicos do país.

O setor de exportação de gado vivo está bem estruturad­o. Criou-se uma cadeia desenvolvi­da, até mesmo com empresas voltadas para silagem e para transporte. O gado brasileiro tem preço competitiv­o e sanidade, diz Carvalho Filho.

Para o executivo, a redução na Turquia fará com que o mercado brasileiro trabalhe firme no Oriente Médio e na China, apesar das distâncias.

O Brasil tem espaço para crescer nesse mercado. Mesmo com a alta dos preços dos grãos, o gado brasileiro continua com condições favoráveis em razão da valorizaçã­o do dólar frente ao real.

O Brasil é o quarto maior exportador mundial de gado vivo. A Austrália, um dos países líderes do setor, é muito ativa e tem preços competitiv­os. “As empresas australian­as trabalham muito bem”, diz ele.

A União Europeia tem uma presença forte no Oriente Médio com bom gado e preços competitiv­os. Já o Canadá, outro país importante na venda de gado vivo, é voltado mais para os Estados Unidos.

O Brasil vem ganhando mercado na parte comercial com gado de qualidade e preços competitiv­os. Esse avanço, porém, coloca o país cada vez mais como alvo das barreiras sanitárias de importador­es, aponta o executivo.

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Turcos importaram R$ 1 bilhão em gado vivo do Brasil em 2018

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