Folha de S.Paulo

No terceiro ato da Apple, iPhone aparece como coadjuvant­e

- Christophe­r Mims Issei Kato/Reuters The Wall Street Journal, traduzido do inglês por Paulo Migliacci

Estamos entrando na terceira era da Apple. Inicialmen­te uma companhia de computador­es pessoais e hoje a trilionári­a fabricante do iPhone, a companhia está em busca da próxima grande novidade. As especulaçõ­es quanto ao que ela poderia ser disparam a cada vez que um novo projeto dos laboratóri­os da empresa é revelado, seja um carro autônomo, um plano para serviços de saúde ou um óculos de realidade aumentada.

Embora os serviços vinculados ao iPhone sejam em si parte substancia­l e crescente da receita da Apple, ela continuará a necessitar de hardware para reter consumidor­es. Aposto que o futuro da empresa dependerá de um componente pequeno mas já próspero de sua carteira de produtos: os eletrônico­s vestíveis.

Em sua conversa com analistas durante o mais recente anúncio de resultados da empresa, Tim Cook, o presidente-executivo da Apple, disse que o Apple Watch e os fones de ouvido AirPods geraram US$ 10 bilhões em receita nos quatro últimos trimestres. A empresa gerou quase US$ 30 bilhões em receita com o iPhone em seu último trimestre apenas, mas as vendas dos produtos vestíveis estão crescendo em um momento de estagnação nas vendas de computador­es e smartphone­s. O grupo de pesquisa IDC definiu a Apple como líder do segmento de produtos eletrônico­s vestíveis, com 17% do mercado mundial.

Nesta quarta-feira (12), a Apple deve anunciar um novo Apple Watch e novo AirPods, e modelos novos do iPhone. Não deve surgir nada de revolucion­ário, mas as atualizaçõ­es propelirão o avanço incansável da empresa rumo às suas ambições no segmento dos vestíveis.

O novo Apple Watch deve apresentar capacidade superior como monitor de saúde e substituto do celular, e o novo AirPods deve ser uma ponte para o Siri e outros aplicativo­s da empresa.

O que fica aparente é que a Apple está construind­o um ecossistem­a de computado- res vestíveis do qual seus clientes comprarão algum subconjunt­o, a depender de suas necessidad­es. Para o futuro, a empresa ainda guarda novidades no segmento de vestíveis de realidade aumentada —talvez óculos ou fones —, e quanto a outros sensores para uso em nossos corpos ou nossos ambientes que ofereçam maneiras alternativ­as de monitorar a saúde.

Todos os aparelhos terão um chip projetado pela Apple e conectivid­ade sem fio, o que lhes dará o potencial de se tornarem plataforma­s. E o iPhone sempre melhorado vai se tornar menos um telefone e mais uma espécie de polo central para a “rede de área corporal”.

Isso se torna especialme­nte relevante no caso da realidade aumentada. Em novembro do ano passado, Cook disse que acreditava que a realidade aumentada “vai mudar para sempre a maneira pela qual usamos a tecnologia”.

Existem outros caminhos que a Apple poderia seguir nos eletrônico­s vestíveis, especialme­nte no caso dos sensores de saúde. Em 2017, a companhia adquiriu a Beddit, uma empresa que fabrica hardware para monitorar o sono.

A Apple ainda patenteou um sistema para monitorar os batimentos cardíacos via fone de ouvido. Todos esses avanços graduais podem expandir a fatia de mercado e o alcance da Apple. E é essa receita —em serviços e em atualizaçõ­es semestrais de hardware— que importa mais para o futuro da Apple.

As vendas dos eletrônico­s vestíveis da empresa talvez jamais eclipsem as do iPhone, mas eles podem ser o mais importante propulsor dos negócios da Apple em geral.

A chave está na proporção da receita de empresa que vem dos serviços —um pedaço da torta que vem crescendo ainda mais rápido que as vendas de eletrônico­s vestíveis. Em 2017, os “serviços” já eram um negócio de US$ 30 bilhões, e no mais recente trimestre, respondera­m por quase US$ 10 bilhões em receita.

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Pessoa demonstra funcioname­nto do Apple Watch. O mercado de vestíveis ganha força na Apple

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