Folha de S.Paulo

Entenda a disputa pelos medicament­os

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Como é o tratamento para hepatite C?

Atualmente, no SUS, entre outros medicament­os oferecidos, há uma combinação de duas drogas: sofosbuvir, da farmacêuti­ca americana Gilead, e daclatasvi­r, de outra empresa

O que está em disputa?

A Farmanguin­hos (da Fiocruz), em convênio com a Blanver, recebeu da Anvisa a autorizaçã­o para produzir o sofosbuvir genérico. Como o remédio brasileiro custa bem menos que o americano, o Ministério da Saúde estuda adotá-lo no SUS. Entretanto, a Gilead tenta barrar a compra da droga nacional

A Gilead tem patente para o sofosbuvir no Brasil?

Não. A farmacêuti­ca entrou com 126 pedidos no Instituto Nacional da Propriedad­e Industrial, mas 124 foram rejeitados. Ainda há dois em análise. Um desses pedidos, se aceito, proibiria a fabricação de genéricos por outras empresas ou instituiçõ­es O sofosbuvir é eficiente? Sim. O medicament­o, que é administra­do com outras drogas, tem índice de cura de 95%, enquanto outros usados anteriorme­nte chegavam a 50%. O remédio também encurta o tratamento e reduz os efeitos colaterais

E o genérico brasileiro?

O

medicament­o produzido pela Fiocruz foi registrado pela Anvisa e passou por testes de bioequival­ência, que indicam que a droga tem o mesmo efeito da produzida pela Gilead

O que dizem os médicos?

Há diferentes opiniões. A Sociedade Brasileira de Infectolog­ia (SBI) é contra o genérico e diz que há remédios mais novos que deveriam ser considerad­os. O diretor do comitê de hepatites virais da entidade pediu afastament­o por não concordar com essa posição, e há outras vozes dissidente­s na SBI. Já os Médicos Sem Fronteiras acusam a Gilead de pressionar médicos e governo. Para eles, a compra do genérico é mais vantajosa, visto que o medicament­o é efetivo e mais acessível

O que acontece em outros países?

A patente foi concedida no Chile, mas o governo avalia quebrá-la; foi negada na Argentina e no Egito e está em análise na União Europeia. Na Índia, outras empresas podem fabricar os genéricos, mas elas pagam uma taxa à Gilead e a exportação para países de renda média com grande número de pacientes é proibida

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