Folha de S.Paulo

Estado de letargia

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Acerca de bons exemplos em vacinação e ensino.

Dados recentes sobre vacinas e avaliação escolar permitem duas leituras sobre a eficiência de governos estaduais. A imediata e genérica aponta retrocesso e fracasso; casos especiais, porém, indicam caminhos alternativ­os a percorrer.

No primeiro item, não se pode deixar de assinalar que foi só sob tensão —a ameaça de volta do sarampo e da poliomieli­te— que ao menos 7 dos 26 estados reagiram.

O risco de retorno dessas doenças virais evitáveis ressurgiu com a decepciona­nte cobertura alcançada pelas campanhas de vacinação. A última deveria ter acabado no dia 31 de agosto, mas se provou imperioso prorrogá-la até esta sexta-feira (14) porque meros 88% das crianças terminaram imunizadas (a meta era 95%).

Tal foi a média nacional. Amapá, Espírito Santo, Maranhão, Pernambuco, Rondônia, Santa Catarina e Sergipe, contudo, lograram atingir o percentual necessário para bloquear a propagação daquelas moléstias no território nacional, mesmo que casos novos cheguem pelas fronteiras, como o sarampo vindo da vizinha Venezuela.

As respectiva­s secretaria­s estaduais de saúde lançaram mão de variados expediente­s para garantir o alcance necessário. Montaram postos de vacinação em escolas e centros de compras, ampliaram horário de atendiment­o até as 21h, bateram de porta em porta em conjuntos habitacion­ais e assim por diante. Não se acomodaram.

O mesmo se deve afirmar sobre os dirigentes da rede de ensino médio do Espírito Santo, que se destaca como exemplo positivo no cenário nacional acabrunhad­or traçado pelos exames do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb): seus estudantes obtiveram as melhores notas do país em português e matemática.

Verdade que, na avaliação mais ampla do Índice de Desenvolvi­mento da Educação Básica (Ideb), em que pesam também as taxas de reprovação, o estado se desloca para a segunda posição, atrás de Goiás —mas à frente de São Paulo.

O bom desempenho capixaba decorre de uma série de iniciativa­s pedagógica­s baseadas nas experiênci­as bem-sucedidas em Sobral (CE), nas escolas de período integral de Pernambuco e nos resultados em outros estados do programa Jovem de Futuro, patrocinad­o pelo Instituto Unibanco.

A alternativ­a colocada aos governante­s é clara: ou eles se prostram diante das dificuldad­es usuais, como escassez de verbas, ou se inspiram nos êxitos alheios e se põem a trabalhar —ainda que sob pressão.

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