Folha de S.Paulo

Em estreia, Haddad diz que rivais têm ‘medo de vice’

- Marina Dias e Cátia Seabra

Um dia após ser oficializa­do candidato do PT ao Planalto, Fernando Haddad ironizou os ataques de seus adversário­s e disse que os demais candidatos “estão com medo de um vice”.

“Aconteceu de um vice assumir a cabeça de chapa. Eles estão com medo de um vice? Mas não é só um vice, é um projeto”, afirmou o petista nesta quarta-feira (12), durante seu primeiro evento oficial de campanha, em São Paulo.

Com aval do ex-presidente Lula, Haddad foi ungido candidato somente na terça-feira (11), último dia do prazo que a Justiça Eleitoral deu ao PT para fazer a troca na chapa. Desde então, tornou-se alvo de oponentes na disputa, como Ciro Gomes (PDT) e Marina Silva (Rede).

Herdeiros de parte do espólio eleitoral de Lula, Ciro e Marina criticaram o fato de Haddad ser apenas mais um indicado do ex-presidente, em referência a Dilma Rousseff, que sofreu impeachmen­t em 2016 após um governo que terminou com baixíssima popularida­de.

Aos jornalista­s, Haddad disse estar acostumado a ser vidraça desde que entrou para a vida pública, há 18 anos, e que, portanto, não iria atacar ou responder a ninguém.

Aliados afirmam que a estratégia é pragmática: caso passe ao segundo turno, Haddad tentará construir um ambiente de conciliaçã­o entre os partidos, com o apelo de que é preciso unir o país contra uma espécie de mal maior, a candidatur­a de Jair Bolsonaro (PSL) —o capitão reformado hoje lidera com folga as pesquisas, com cerca de 25% em todos os cenários.

“Não queremos agredir ninguém, até porque a gente conta com apoio no segundo turno de muita gente que está do outro lado, porque a gente precisa reconstrui­r o país”, disse o candidato.

Na sua estreia oficial de campanha, Haddad falou a uma plateia de estudantes beneficiár­ios do ProUni, programa idealizado por ele e por sua mulher, Ana Estela.

Ali, parecia mais à vontade em seu discurso habitualme­nte professora­l, fez piadas, ironias e disse que o PT não errou ao levar até o limite a candidatur­a de Lula.

“Não arriscamos nada. Ter ficado até o último segundo do lado de Lula não pode ser tido como um risco, um cálculo eleitoral ou uma coisa menor. É a democracia, a soberania popular que está em jogo”, declarou.

No entanto, o próprio candidato e seu grupo mais próximo temiam que a tática de esticar a corda ao máximo prejudicas­se sua campanha: Haddad foi lançado a apenas 26 dias do primeiro turno com a missão de conquistar o eleitor de Lula.

Segundo integrante­s de sua equipe, o principal desafio do presidenci­ável é se tornar conhecido nos redutos eleitorais fiéis ao petismo e, principalm­ente, retomar eleitores que, com a indefiniçã­o da candidatur­a do PT, migraram para a órbita de Ciro Gomes.

Para isso, de saída, a campanha vai focar no Nordeste, onde Lula tem quase 60% do eleitorado. No sábado (15), Haddad viaja mais uma vez para um périplo na região.

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Fotos Marlene Bergamo/Folhapress Fernando Haddad (ao centro), candidato à Presidênci­a, e políticos do PT em encontro com estudantes cotistas e beneficiár­ios do Prouni, em São Paulo
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Manuela D’Ávila, vice na chapa do PT à Presidênci­a

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