Eleitor que votar em Bolsonaro pode eleger o PT, afirma Alckmin
Tucano remodela abordagem e aposta no antipetismo e no voto útil para atrair conservadores
Depois de tentar desconstruir Jair Bolsonaro (PSL), o candidato Geraldo Alckmin (PSDB) remodelou a abordagem e agora aposta no antipetismo para angariar a simpatia de eleitores mais conservadores.
Nesta quarta-feira (12), na região metropolitana de Belo Horizonte, o tucano testou a mensagem do voto útil, argumentando que Bolsonaro perderia para o petismo no final da disputa.
“É só olhar o segundo turno”, disse, na porta de uma fábrica em Betim (MG), referindo-se às simulações que mostram dificuldades para o capitão reformado vencer qualquer oponente.
“Se ele for para o segundo turno, é um perigo, um passaporte para voltar o PT. Você vota em um e elege o outro, é um fato”, afirmou.
A campanha tucana calcula que Fernando Haddad, agora oficializado candidato do expresidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), crescerá nas pesquisas, com potencial de passar ao segundo turno.
Ao mesmo tempo, afirmam alckmistas, a rejeição de Bolsonaro, de 43%, segundo o Datafolha, a maior entre os candidatos, limita sua capacidade de ganhar a eleição.
Na segunda (10), o Datafolha mostrou que o deputado do PSL manteve a liderança, com 24% das intenções de voto.
Em segundo lugar, em empate técnico, aparecem o exministro Ciro Gomes (PDT), com 13%, a ex-senadora Marina Silva (Rede), com 11%, Alckmin, com 10%, e o ex-prefeito Haddad, com 9%.
O objetivo do PSDB é fazer o candidato do PSL murchar para que Alckmin consiga ser o candidato da direita a ir ao segundo turno e enfrentar Haddad ou um dos “adoradores de Lula”, como o tucano batizou os demais adversários.
“Ciro foi ministro do Lula, sempre apoiou o PT, até a Dilma. O [Henrique] Meirelles (MDB) se vangloria de ter sido presidente do Banco Central do PT. A Marina Silva foi por 24 anos filiada ao PT”, voltou a dizer Alckmin.
O candidato do PSDB, então, partiu para o ataque contra Haddad, cuja candidatura foi anunciada na terça (11) em frente à Polícia Federal, em Curitiba, onde Lula está preso.
“É inacreditável lançar candidatura na porta da penitenciária”, criticou.
“Agora o Haddad vai ter de se apresentar como candidato e explicar os 13 milhões de desempregados fora outro tanto no desalento e no subemprego. Porque isso não começou hoje, é uma herança do período do PT”, classificou.
“Nós estamos vendo o sofrimento do povo brasileiro.”
Sobre os ataques de sua campanha na televisão a Bolsonaro, Alckmin afirmou que é apenas exposição do candidato adversário.
“Não fazemos nenhuma crítica. Não sou eu que falo. Está no YouTube”, rebateu.
“Se ele fala coisas desrespeitosas, é ele, nós não falamos nada. Simplesmente pegamos as falas dele e colocamos.”
A candidatura tucana levou ao ar momentos em que o deputado do PSL discute com a deputada Maria do Rosário (PT-RS) e com uma jornalista, para fixar sua imagem de machista, entre outras peças.
Nesta quarta, Alckmin visitou uma fábrica do setor automotivo. “Precisamos estimular a indústria”, justificou. “A indústria é fundamental para agregar valor, melhorar salário e crescer mais o emprego.”
Depois ele participou de um ato político em Contagem (MG), também na região metropolitana da capital mineira ao lado de sua vice, Ana Amélia (PP-RS) e do candidato ao governo Antonio Anastasia (PSDB).