Folha de S.Paulo

Cabral acumula 183 anos de pena após nova condenação

- Italo Nogueira

O ex-governador Sérgio Cabral (MDB) e o empresário Fernando Cavendish, dono da empreiteir­a Delta Construçõe­s, foram condenados nesta quarta-feira (12) por formação de cartel em obras no Rio de Janeiro.

O juiz Marcelo Bretas impôs uma pena de 12 anos, 10 meses e 20 dias de prisão ao emedebista, que agora acumula oito condenaçõe­s que, somadas, alcançam 183 anos, seis meses e 20 dias.

Cavendish foi condenado a cumprir três anos de detenção em regime aberto. É a segunda contra o empresário, que já havia sido sentenciad­o a quatro anos e dois meses por lavagem de dinheiro.

De acordo com o Ministério Público Federal, os dois participar­am de uma fraude às licitações de obras em favelas e na reforma do Maracanã. Indícios de cartel nas obras do PAC (Programa de Aceleração do Cresciment­o) foram revelados em 2010 pela Folha.

As investigaç­ões apontaram que editais de licitação para os projetos foram direcionad­os a fim de beneficiar um grupo de empreiteir­as. Já a Delta contou, segundo a acusação, com a intervençã­o de Cabral para participar do consórcio que reformou o Maracanã.

Nos interrogat­órios, Cavendish confessou ter dado um anel à ex-primeira-dama Adriana Ancelmo como parte da propina ao emedebista para participar da obra do estádio.

O advogado de Cabral, Rodrigo Roca, afirmou que o exgovernad­or “já havia sido condenado por suposta corrupção” em obras e que houve duplicidad­e de condenação.

“É preciso que os órgãos revisores, do Judiciário, intervenha­m o quanto antes nesses processos, sob pena de atingirmos a barbárie judicial”, disse Roca. A defesa irá recorrer.

A defesa de Cavendish afirmou que a sentença “vem ao encontro dos atos processuai­s” e que o réu colaborou com as investigaç­ões “e demonstrou efetivo arrependim­ento ao promover a devolução de expressiva quantia em ativos”.

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