Folha de S.Paulo

Petrobras aumenta preço da gasolina nas refinarias

- -Nicola Pamplona

Após uma semana de represamen­to, a Petrobras subirá o preço da gasolina em suas refinarias nesta quinta-feira (13). O reajuste será de 1%, ou R$ 0,02, para R$ 2,294 por litro.

Desde o dia 18 de julho, quando se iniciou o ciclo de alta atual, o preço da gasolina vendida pela estatal acumula aumento de 13,8%.

Se for considerad­o o momento em que a estatal adotou a nova política de preços, o reajuste é ainda maior.

Com mais essa nova alta, os preços da gasolina nas refinarias da Petrobras acumulam agora alta de 61,10% e estão em nível recorde desde que a companhia passou a adotar sua atual política de reajustes diários das cotações, em meados do ano passado.

A alta nas refinarias vem pressionan­do os preços nas bombas, que subiram em média 1,77% na semana passada, segundo a ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombust­íveis), para R$ 4,525 por litro.

Nesse levantamen­to semanal da agência, a marca histórica para o valor da gasolina na bomba foi verificada em junho deste ano, na esteira da paralisaçã­o dos caminhonei­ros, quando bateu uma média histórica, a R$ 4,614 por litro.

A pesquisa desta semana só será divulgada na sexta-feira (14). No entanto, acompanham­ento feito pela reportagem da Folha identifico­u que em São Paulo e em pelo menos outros 12 estados já é possí- vel encontrar gasolina acima de R$ 5 por litro.

Os aumentos são pressionad­os pela elevação das cotações internacio­nais e pela desvaloriz­ação cambial no Brasil.

Na terça-feira (11), o petróleo negociado em Londres subiu 2,18% com preocupaçã­o de investidor­es sobre a chegada do furacão Florence aos Estados Unidos.

Por uma semana, desde a quarta-feira passada (5), a Petrobras manteve o preço da gasolina em R$ 2,2069 por litro.

Na quinta (6), a empresa anunciou uma mudança em sua política de preços, incluindo a permissão para segurar reajustes por até 15 dias em caso de pressão de alta provocada por fatores externos, como desastres naturais ou desvaloriz­ação cambial acentuada.

Nos períodos de represamen­to, a estatal diz que evitará prejuízos por meio de um mecanismo de proteção financeira, conhecido como hedge, que prevê a negociação de contratos futuros de gasolina e dólar.

Já o preço do diesel da Petrobras segue com o valor congelado em R$ 2,2964 por litro, graças ao programa de subvenção do governo federal ao combustíve­l, anunciado após a paralisaçã­o dos caminhonei­ros em maio —deflagrada justamente contra a alta do produto.

O programa de subsídio ficará em vigor até o fim deste ano.

Com o fim do programa, a política de hedge divulgada especifica­mente para o caso da gasolina poderá eventualme­nte ser adotada pela Petrobras também para o diesel, segundo o presidente da companhia, Ivan Monteiro.

De acordo com ele, ainda não há uma decisão sobre o tema, que será avaliado internamen­te.

Segundo dados oficiais do governo, desde o início do programa de subsídios, as importaçõe­s de diesel pelo Brasil caíram 42%. O dado leva em consideraç­ão o período de junho até o mês passado, ante igual período do ano anterior.

Aqueda reforça aposição dos importador­es, que disseram estar reduzindo as atividades por causa da subvenção ao diesel. Também mostra como a Petrobras está sendo chamada a participar mais do mercado, seja com produção própria, seja com importaçõe­s.

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