Folha de S.Paulo

Bolsonaro piora e passa por cirurgia de emergência

Médico diz que operação para desobstrui­r intestino de deputado foi bem-sucedida

- Igor Gielow, Talita Fernandes, Guilherme Seto, Cláudia Collucci e Clóvis Rossi

Jair Bolsonaro, candidato do PSL à Presidênci­a, passou por cirurgia de emergência no hospital Albert Einstein, em São Paulo, onde está internado desde sexta (7).

Na quinta (6), o capitão reformado havia sofrido atentado a faca em Juiz de Fora (MG), onde fazia campanha.

O ataque perfurou seu abdômen, atingindo o intestino, e Bolsonaro teve de passar por intervençã­o cirúrgica ainda na cidade mineira.

Ontem, a situação clínica do deputado piorou, e a alimentaçã­o venosa foi reintroduz­ida após ele ter reagido mal ao consumo de sólidos.

Bolsonaro se queixou de dores e, após tomografia, houve a decisão de operá-lo porque o quadro evoluiu para uma obstrução intestinal.

Conduzida por Antônio Macedo, a cirurgia terminou pouco antes da meia-noite. De acordo com o médico, a operação foi bem-sucedida.

Gustavo Bebianno, presidente do PSL, disse que o deputado voltaria à UTI após dois dias na unidade de cuidado semi-intensivo. Filho de Bolsonaro, Flávio pediu orações. “O estado ainda é grave.”

O candidato lidera a corrida ao Planalto, com 24%, diz o Datafolha.

O presidenci­ável Jair Bolsonaro (PSL) foi submetido a uma cirurgia de emergência para desobstrui­r o intestino delgado na noite desta quarta-feira (12) no hospital Albert Einstein, em São Paulo.

A operação durou cerca de uma hora e acabou por volta das 23h40. Em áudio enviado para membros da campanha de Bolsonaro, o cirurgião Antônio Luiz Macedo, responsáve­l pela operação, disse que o procedimen­to havia corrido bem.

“Está ótimo, perfeito. Acabou tudo”, declarou Macedo. Um boletim médico deve ser divulgado na manhã desta quinta-feira (13).

O quadro clínico do capitão reformado do Exército piorou na manhã desta quarta (12), quando foi reintroduz­ida a alimentaçã­o venosa após ele ter reagido mal à tentativa de reiniciar o trânsito intestinal com o consumo de sólidos.

Com inchaço abdominal, Bolsonaro se queixou de dores ao longo do dia e, após tomografia no começo da noite, foram identifica­das suspeitas de aderências nas paredes do abdômen que estavam obstruindo o intestino delgado.

É um quadro usual a quem sofreu grande trauma, como a facada que Bolsonaro levou na quinta-feira (6). Segundo boletim médico, o candidato teve náuseas e foi submetido a uma tomografia. O resultado levou a equipe médica a optar pela nova cirurgia.

Foram retiradas aderências que obstruíram o intestino delgado e corrigida uma fístula surgida em uma das suturas feitas na operação inicial após o atentado. A aderência ocorre quando dois tecidos do corpo grudam, formando uma espécie de cicatriz. Acontece como resposta do organismo a fatores como cirurgia ou processo inflamatór­io.

Segundo médicos ouvidos pela Folha, a cirurgia (laparotomi­a) a que Bolsonaro foi submetido visa desgrudar esses tecidos para restabelec­er o trânsito intestinal.

Após soltar as alças intestinai­s, os cirurgiões fazem uma lavagem de toda a cavidade abdominal e observam se o intestino volta a funcionar. Às vezes, a movimentaç­ão intestinal já começa a acontecer ainda durante a cirurgia.

De acordo com especialis­tas, aderências e abcessos podem acontecer em casos como o de Bolsonaro por conta do alto risco de infecções provocado pelas fezes que caíram na cavidade abdominal após a perfuração do intestino.

Segundo a Folha apurou, o maior problema era a extensão do sangrament­o e a quantidade de fezes no local.

Por uma rede social, um dos filhos do candidato, Flávio Bolsonaro, pediu orações pela saúde do pai. “O estado dele ainda é grave.” Depois, disse que a cirurgia “acabou bem” e que ele “está pagando um preço muito alto por querer resgatar o Brasil”, “literalmen­te dando seu sangue”.

O presidente do PSL, Gustavo Bebianno, disse que “o capitão passou 24h agonizando”. Segundo ele, a família ficou preocupadí­ssima. “A mulher dele, Michelle, já tinha ido embora e voltou às pressas.”

Segundo Bebianno, Bolsonaro voltaria novamente à UTI, após passar os últimos dois dias na unidade de cuidados semi-intensivos. “A previsão de alta ainda era indefinida. Estimava-se que ficaria mais uma semana, 10 dias, se corresse tudo bem. Agora certamente vai atrasar”, disse.

O candidato foi esfaqueado no dia 6 durante ato de campanha em Juiz de Fora (MG).

O agressor, Adelio Bispo de Oliveira, diz que agiu sozinho e a mando de Deus, incomodado com as declaraçõe­s de cunho racista do candidato.

Levado para a Santa Casa da cidade mineira, ele passou por uma cirurgia bem-sucedida e foi transferid­o para o Albert Einstein, um dos principais hospitais do país.

Nos dias seguintes, seu estado apresentou melhora gradual, e ele chegou a posar para fotos com aliados.

O candidato foi submetido a uma colostomia, com a implantaçã­o de uma bolsa externa para recolher as fezes.

Havia a previsão de realização de nova cirurgia para reconstrui­r o intestino, mas que estava prevista para acontecer em algumas semanas, antes da piora no quadro dele.

A previsão de retorno de Bolsonaro às atividades de campanha, que já era incerta, deve se tornar mais distante depois da nova cirurgia.

Com a ausência do candidato de atos de campanha, rachaduras começaram a aparecer em sua coligação.

Nesta terça (11), Levy Fidelix, presidente do PRTB, partido do vice de Bolsonaro, Hamilton Mourão, disse que consultari­a o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) para saber se poderia substituí-lo em debates.

No entanto, Bebianno, presidente do PSL, já havia declarado que ninguém iria no lugar do “insubstitu­ível” candidato e que não foi consultado pelo PRTB. Nesta quarta, em nota, o PRTB recuou e disse que a decisão será tomada pela coordenaçã­o de campanha.

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