Folha de S.Paulo

O domingo de Dalila

Santos e São Paulo traíram as expectativ­as e o clássico San-São teve pouco

- Juca Kfouri Jornalista e autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP

No diapasão mais marcante do Campeonato Brasileiro, o clássico na Vila Belmiro frustrou quem esperava um bom jogo entre o Santos, em ascensão, e o São Paulo, na luta para impedir o distanciam­ento do Inter.

O 0 a 0 decepciono­u, com apenas duas chances claras de gol.

A primeira nos pés do menino Rodrygo, 17 anos, ao ganhar a bola de Arboleda na velocidade, mas se apavorar diante de Sidão e chutar para fora, já no 27º minuto do segundo tempo.

A segunda, nos acréscimos, último lance do jogo, quando Nenê teve a chance em cobrança de falta na meia lua e bateu muito mal, na barreira.

Valeu apenas para o Santos completar oito jogos sem sofrer gol, bem o Santos, cujo DNA é o de fazer gols.

Vanderlei chegou aos 836 minutos invicto, recorde na centenária história santista cujo maior orgulho está nos 1.091 gols de Pelé com sua camisa.

Verdade que os donos da casa buscaram mais a vitória contra o visitante aparenteme­nte feliz com o empate, mesmo que possa ver o Colorado abrir dois pontos de vantagem caso vença, fora de casa, nesta noite de 17 de setembro, a Chapecoens­e.

Talvez por acreditar que será mantida a escrita de o Inter jamais ter vencido em Chapecó nas três vezes em que lá esteve, o São Paulo não fez questão de quebrar outra, há nove anos sem vencer na Vila pelo Campeonato Brasileiro.

Qualquer que seja a razão, o San-São viu a expectativ­a de um clássico à altura da sua tradição ser podada pelas mãos de uma perversa Dalila que nem precisou contar com as dos goleiros, praticamen­te sem uso durante os quase 100 minutos da partida.

Chega a ser bizarro ver os santistas reclamarem do árbitro por ter encerrado o jogo no quinto minuto dos acréscimos da etapa final, quando saíam para um contra-ataque.

Por que imaginar a feitura do tento quando apenas uma vez se desenhou a possibilid­ade durante todo o tempo regulament­ar?

Só para ter motivo de choro. Quando de chorar anda o

nível técnico do campeonato.

Viva Felipe Melo!

Felipe Melo, 35, levou um drible do meia Ramires, 18, de quebrar a espinha e viu o Bahia fazer 1 a 0.

Pois reagiu com a violência que o palmeirens­e quer: subiu três andares para desferir impression­ante cabeçada, empatar o jogo e manter o Palmeiras vivíssimo.

Kirrata

O que faz alguém cansado de saber que Arthur é ex-gremista, e não ex-colorado como aqui escrito na coluna de ontem (16)?

Embora indesculpá­vel, os labirintos do cérebro explicam: como o texto se referia a Paulo Roberto Falcão, o pobre colunista pensou em escrever o “também gaúcho” Arthur, quando se lembrou que o Rei de Roma é catarinens­e e verificou que a jovem estrela do Barcelona é goiano. Então, pensou em se referir a ele como “também do futebol dos Pampas” e acabou, só Hélio Schwartsma­n explica, trocando o Grêmio pelo Inter.

Além de pedir desculpas, de joelhos, às gremistas e aos gremistas, às raras leitoras e aos raros leitores, um adendo: o craque que levou o colunista a erro tão estúpido será “Arthur, o Terceiro” entre os jogadores brasileiro­s, depois de Arthur Friedenrei­ch e de Arthur Antunes Coimbra, o Arthur Zico.

E tem mais, mas aí o erro foi por ignorância mesmo: nada dividido por nada não é nada, como escrito na mesma coluna. É indetermin­ado como o leitor Rafael Caetano Silva Marques ensinou.

Em resumo: Arthur não tem nada de ex-colorado e não é nada, não é nada, o colunista nadou, nadou, e morreu na praia.

Afogou-se.

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