Geneticista que ajudou a traçar retrato do Brasil

FRANCISCO MAURO SALZANO (1928-2018)

Francisco Salzano costumava recordar que tinha “rodado” ao prestar vestibular para medicina. A tentativa ocorreu por desejo do pai, que tinha dirigido a Secretaria de Saúde do RS e queria que o filho seguisse esse caminho.

Ao mesmo tempo, porém, prestara vestibular para história natural —hoje biologia. Passou e fez o curso.

A decisão se revelou acertada tanto do ponto de vista pessoal quanto profissional: acabaria se tornando um dos principais especialistas brasileiros em genética humana.

Em parte, o destaque deveuse a uma sucessão de excelentes mentores. Conviveu com pesquisadores como o ucraniano Theodosius Dozhansky, o brasileiro Crodowaldo Pavan, e o americano James Neel. Logo passou a concentrar seu trabalho nos estudos da variabilidade genética da população brasileira, em especial a dos grupos indígenas.

O mapeamento genético de Salzano e seus alunos como livre-docente da UFRGS teve como grande impacto a compreensão da história evolutiva humana no nosso continente.

Os dados de DNA levantados ajudaram a traçar um retrato molecular da história dos brasileiros. Esses dados mostram que a maior parte dos brasileiros de hoje, inclusive os que se declaram brancos, carrega a herança genética indígena e negra em seu DNA do lado materno.

Por outro lado, quando se examina o DNA herdado pelo lado paterno, há uma predominância esmagadora da contribuição europeia, que é consonante com o que se sabe sobre as vantagens que os colonizadores tinham sobre escravos negros e indígenas na hora de conseguir parceiras.

Ao longo da carreira, o pesquisador foi escolhido para integrar tanto a Academia Brasileira de Ciências quanto a Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos.

Morreu na quinta (27) aos 90, após complicações de uma cirurgia de hérnia.

LÉA MARIA DA ROCHA

Aos 93. Cemitério do Araçá, av. Dr. Arnaldo, 666, Cerqueira César.

7º DIA

OSWALDO SALVADOR PETRILLI Neste domingo (30) às 16h,

Igreja Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, r. Honório Líbero, 90, Jardim Paulistano.