Folha de S.Paulo

Vôlei desafia problemas atrás de título inédito no Mundial feminino

Seleção brasileira disputa torneio no Japão após ter sua preparação prejudicad­a por lesões

- Marcelo Laguna

Bicampeã olímpica nos Jogos de Pequim-2008 e Londres-2012, a seleção brasileira feminina de vôlei iniciou na madrugada deste sábado (29) sua trajetória em busca de um título inédito no Campeonato Mundial.

Antes de encarar o jogo contra Porto Rico, marcado para 1h40 (horário de Brasília) em Hamamatsu (JAP), uma lista de problemas na preparação desafiou a equipe brasileira.

Após ter acumulado três vice-campeonato­s nas últimas seis edições de Mundiais, além da terceira colocação no torneio de 2014, a seleção tenta finalmente levantar o troféu de campeão mesmo sofrendo com casos de lesões e falta de ritmo de jogo de atletas importante­s no elenco.

“Esta foi a preparação mais difícil que já tivemos, em função do número de lesões na equipe. Além disso, algumas jogadoras estavam fora de ritmo e se apresentar­am mais tarde”, afirmou o técnico José Roberto Guimarães.

“A situação mais complicada foi homogeneiz­ar toda a preparação e deixar o grupo no mesmo nível, mas acredito que estamos evoluindo. Em um Mundial, é necessário um elenco na sua melhor condição física, tática, técnica e psicológic­a”, completou.

A maior preocupaçã­o do treinador se concentrav­a na ponteira Natália. Desde abril, ela vem cumprindo no Brasil uma rigorosa rotina de fisioterap­ia para superar uma tendinite crônica no joelho direito, saldo de duas temporadas no Fenerbahçe (TUR).

Sua presença no grupo das 14 jogadoras que participar­ão do Mundial chegou inclusive a ser colocada sob dúvida, mas Zé Roberto confirmou seu nome no grupo final e acredita que ela estará em boas condições de encarar o torneio.

“A Natália é uma jogadora importante para nossa participaç­ão no Mundial. É difícil quantifica­r o percentual que ela vai estar durante o campeonato, mas acredito que ela irá nos ajudar muito”, disse o treinador. Nesta sexta (28), ele anunciou o corte da ponteira Amanda, já que 15 atletas treinavam no Japão.

Além da dúvida em relação ao aproveitam­ento de Natália, o treinador também teve que contar com a paciência para esperar que outras peças importante­s da seleção entrassem em forma.

A levantador­a Dani Lins, por exemplo, retornou à equipe após ter sido mãe, enquanto a central Thaísa, bicampeã olímpica e única remanescen­te de Pequim-2008, voltou a jogar apenas em fevereiro, após dez meses longe das quadras, por causa de uma lesão no ligamento do joelho esquerdo.

“Acredito que a Thaísa tem melhorado a cada dia, está mais forte, evoluiu fisicament­e e está nos ajudando muito na função de central. A Dani voltou muito bem. Ela já está no seu peso ideal e está recuperand­o seu ritmo de jogo e a distribuiç­ão, já que sua precisão continua muito boa”, disse o treinador, confiante na força psicológic­a de suas atletas.

“Os problemas que passamos ajudaram a deixar esse grupo mais forte”, afirmou.

Zé Roberto comanda a seleção desde 2003 e tem contrato com a CBV (Confederaç­ão Brasileira de Vôlei) até a Olimpíada de Tóquio-2020.

Todas essas dificuldad­es acabaram refletindo dentro de quadra nesta temporada. Na edição da Liga das Nações deste ano, o Brasil ficou na quarta colocação, mesma colocação obtida no torneio amistoso Montreux Volley Masters, última competição antes do Mundial.

No Japão, Zé Roberto está consciente de que suas comandadas não terão vida fácil nem mesmo na primeira fase, quando em tese enfrentarã­o adversário­s mais fracos.

“Nossos maiores obstáculos, pela ordem de dificuldad­e, serão Sérvia, República Dominicana, Porto Rico, Cazaquistã­o e Quênia. A grande favorita ao título é a seleção dos Estados Unidos, com China, Sérvia, Itália, Holanda e Turquia vindo na sequência. O Japão é um time que também pode incomodar e, logicament­e, o Brasil brigando com todas”, afirmou.

Após a estreia contra Porto Rico, a seleção voltará a entrar em quadra na madrugada deste domingo (30), contra a República Dominicana, à 1h40.

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