Candidatas a vice elogiam banco de tempo em debate
Para Manuela, Kátia Abreu e Ana Amélia, ‘banco de tempo’ traz dinamismo e permite aprofundar temas
Novidade no debate de Folha, UOL e SBT com candidatas a vice, o banco de tempo foi elogiado por Manuela D’Ávila (PC do B),vice de Haddad (PT); Kátia Abreu, vice de Ciro (ambos do PDT); e Ana Amélia (PP), vice de Alckmin (PSDB). Cada uma tinha ao todo 22 minutos para falar. O PT foi o principal alvo no encontro.
são paulo Com regra inovadora, três candidatas a vice participaram nesta terça (2) de debate promovido por Folha, UOL e SBT em que a crítica ao PT foi a tônica.
O encontro teve um banco de tempo, que deu mais dinamismo às discussões, avaliaram Manuela D’Ávila (PC do B), vice de Fernando Haddad (PT), Kátia Abreu (PDT), na chapa do colega de partido Ciro Gomes, e Ana Amélia (PP), número dois de Geraldo Alckmin (PSDB).
Nesse tipo de formato, tradicional na França, cada candidato começa com um saldo de 22 minutos para falar, que vai sendo descontado ao longo do programa até chegar a zero.
Na ausência do general Hamilton Mourão (PRTB), vice de Jair Bolsonaro (PSL), foi Haddad quem mais apanhou. Eduardo Jorge (PV), parceiro de Marina Silva (Rede), também declinou do convite.
Quando estourou seu tempo, a pedetista brincou que alguém teria de ceder um pouco de tempo a ela. A comunista revidou: “Vai para o SPC, Kátia”. Um dos bordões de Ciro nestas eleições é prometer limpar o nome de mais de 60 milhões de brasileiros na praça. Anna Virginia Balloussier
PT sob fogo
Uma das maiores bordoadas partiu de Kátia, amiga de Dilma (PT) e crítica de seu impeachment, que chama de golpe. Nada que a tenha impedido de alvejar Haddad, que para ela ainda deve se graduar na política se deseja ser presidente. Mal avaliado como prefeito de São Paulo, o petista deve “terminar o ensino médio” antes de sonhar com o Planalto. Ele “já está querendo ir para o ensino superior”, mas precisa “repetir de ano para depois pegar a Presidência”.
Ele sim?
Ana Amélia foi questionada se o antipetismo sempre presente em seus discursos a levaria a cogitar um apoio a Bolsonaro no segundo turno. A pepista não negou nem confirmou um endosso a Bolsonaro, preferindo o discurso de praxe para candidato atrás nas pesquisas, de que a eleição é “uma caixinha de surpresa” e que Alckmin tem chances de passar do primeiro turno.
Kátia foi pela mesma narrativa ao dizer que Ciro Gomes vence tanto Jair Bolsonaro quanto Haddad no segundo turno.
Impeachment
Com ela de vice, Ciro poderá dormir tranquilo, respondeu Kátia a uma pergunta que considerou “surreal”: se renunciaria em solidariedade ao titular caso ele sofresse um impeachment, ao contrário do que Michel Temer fez com Dilma em 2016. “Jamais moveria um dedo para trabalhar pelo impeachment do presidente.”
“Achei a piada, a pergunta, engraçadíssima”, disse Manuela, que aproveitou a deixa para fustigar Temer. Ao maquinar pela derrocada de Dilma, o emedebista, segundo ela, criou “ambiente de ódio”.
Previdência
Kátia defendeu que quatro categorias tenham tratamento diferenciado na reforma: mulheres, policiais, trabalhadores rurais e professores.
Manuela sugeriu: em vez de falar sobre mudanças na lei previdenciária, por que não discutir o mercado informal de trabalho? Para a candidata, é a informalidade nas relações trabalhistas que “agravou o déficit da Previdência”.
Ana Amélia pediu mais responsabilidade com gastos da União. Se não mexer na Previdência agora, disse, vai faltar dinheiro para a aposentadoria das futuras gerações.
Formato do debate
Segundo Manuela, “foi interessante poder abordar alguns temas com mais tempo”. “Facilita porque tem temas que a gente pode abordar mais, que o programa tem uma relação maior. Outros são temas que podem ser passados de forma mais veloz”, ela afirmou.
Kátia disse que o formato permite que cada um defina o que julgar ser mais importante de falar. “Às vezes eu quero falar mais de educação, mais de saúde, de violência contra a mulher e economizo em outras falas, então eu acho muito interessante. Eu gostei muito.”
Para Ana Amélia, o banco de tempo é “muito dinâmico”. “Claro que na reta final da campanha você entra mais numa confrontação de ideias tentando expor as incoerências e as contradições dos candidatos e das candidaturas.”