Polícia dos EUA reabre investigação de Cristiano Ronaldo, acusado de estupro
Segundo mulher, ataque ocorreu em Las Vegas há nove anos; jogador afirma que denúncia é falsa
A polícia metropolitana de Las Vegas anunciou ter reaberto investigação de denúncia de estupro apresentada por uma mulher que disse ter sido agredida pelo astro do futebol Cristiano Ronaldo.
Kathryn Mayorga abriu um processo contra Cristiano Ronaldo, atacante português que joga pelo clube italiano Juventus, na quinta (27), no estado americano de Nevada.
Ela afirmou ter recebido US$ 375 mil (R$ 1,5 milhão) do jogador para retirar suas queixas e que havia assinado um acordo de confidencialidade. Em transmissão ao vivo nas redes sociais, o português classificou as acusações como “fake news”.
Alguns documentos que um representante de Mayorga afirmam sustentar sua acusação foram publicados pela revista alemã Der Spiegel. A equipe de advogados de Ronaldo definiu sua publicação como “gritantemente ilegal”.
Em comunicado, Christian Schertz, advogado de Ronaldo, ameaçou a Der Spiegel e qualquer organização noticiosa que reproduza suas reportagens, mencionando a privacidade do jogador.
“A reportagem da Der Spiegel é gritantemente ilegal. Viola os direitos pessoais de nosso cliente Cristiano Ronaldo de maneira excepcionalmente séria. É uma reportagem inadmissível de suspeitas na área de privacidade. Seria portanto ilegal reproduzir essa reportagem”, afirmou Schertz.
Mayorga afirma que o ataque ocorreu na manhã de 13 de junho de 2009, em uma suíte no Palms Place Hotel.
Ronaldo, que estava em meio a uma transferência milionária do Manchester United para o Real Madrid, conheceu Mayorga em uma casa noturna em Las Vegas e a convidou, e a outras pessoas, para visitar sua suíte.
De acordo com a petição judicial de Mayorga, ela denunciou o ataque à polícia mais tarde no mesmo dia e passou por um exame médico durante o qual foram recolhidas provas, um procedimento ocasionalmente descrito como um “kit de estupro”.
Uma porta-voz da polícia de Las Vegas confirmou que Mayorga havia apresentado uma queixa e que havia passado pelo exame, mas disse que ela não revelou o nome da pessoa acusada. O caso foi reaberto a pedido de Mayor- ga no mês passado.
No ano passado, a Der Spiegel noticiou a existência do acordo entre ela e Ronaldo.
A revista havia recebido documentos, entre os quais uma cópia não assinada do acordo e uma carta de seis páginas que Mayorga escreveu a Ronaldo como parte dele, por meio do Football Leaks, um site semelhante ao WikiLeaks que já divulgou publicamente dezenas de documentos confidenciais relacionados ao esporte.
A Der Spiegel disse ter contatado Mayorga repetidamente antes da publicação, mas que ela se recusou a falar.
Na época, a agência de Ronaldo descreveu a reportagem como “ficção jornalística” e ameaçou processar a revista.
Na sexta-feira (28), a Der Spiegel publicou novo artigo, dessa vez com participação extensa de Mayorga e com provas documentais adicionais.
Ela disse à Der Spiegel que havia decidido violar o acordo de confidencialidade porque os seus novos advogados não acreditavam que ele fosse válido. Mayorga também afirmou ter sido inspirada pelo movimento contra abusos surgido nos EUA #MeToo.
Os documentos adicionais obtidos pela Der Spiegel incluem o relatório sobre o exame médico de Mayorga e correspondência entre os advogados de Ronaldo. O relatório informa que Mayorga foi tratada por duas horas no hospital e que seus ferimentos foram fotografados.
A correspondência entre os advogados de Ronaldo inclui um questionário e respostas submetidas por ele, seu cunhado e seu primo, que o acompanhavam na noite.
De acordo com a Der Spiegel, havia múltiplas versões das respostas ao questionário. Em uma das versões, Ronaldo afirma que Mayorga disse “não” e “pare” diversas vezes, e que “ela disse que não queria, mas se ofereceu mesmo assim”. Essas respostas não constam de versões posteriores do questionário.
O advogado de Mayorga, Leslie Mark Stovall, mencionou a queixa de sua cliente, provas físicas do ataque, o questionário e o acordo entre ela e o atleta como provas de que as afirmações de Mayorga não eram “notícias falsas”.
Ele também prometeu que “divulgaria como ‘abafadores’ encobrem e facilitam ataques sexuais pelos ricos e famosos”.