Folha de S.Paulo

Após forte queda, Qualicorp sobe 11% na Bolsa

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As ações da Qualicorp recuperara­m parte das perdas da véspera nesta terçafeira (2) e avançaram 10,91%.

Na segunda-feira (1º), os papéis da companhia haviam recuado quase 30%, reflexo de um contrato de não competição oferecido ao fundador e presidente da Qualicorp, José Seripieri Filho.

Criticado por participan­tes do mercado por ferir regras de governança corporativ­a, o acordo também está sob investigaç­ão na CVM (Comissão de Valores Mobiliário­s), que não comenta o processo.

A Qualicorp nega que tenha descumprid­o regras de governança corporativ­a.

O conselho de administra­ção da empresa informou na segunda que assinou um acordo em que pagará R$ 150 milhões a Seripieri Filho para que ele mantenha sua participaç­ão na companhia e se abstenha de lançar novos negócios no setor de saúde por seis anos.

O acordo pode ser prorrogado por mais dois anos. Atualmente, o executivo detém quase 15% das ações da administra­dora de planos de saúde.

O presidente pode vender suas ações caso ocorram mudanças no conselho de administra­ção ou no comando da empresa, que hoje tem controle pulverizad­o.

Neste caso, o executivo precisaria devolver parte do valor recebido.

O contrato foi firmado no dia 25 de setembro, mas só foi tornado público uma semana depois e sem passar por votação em assembleia de acionistas da empresa.

Entre os acionistas está a XP, com 5,12% das ações da empresa, e a Wellington Management, fundo americano que detém 5,44% da Qualicorp.

Para Mauro Rodrigues da Cunha, presidente da Amec (Associação de Investidor­es no Mercado de Capitais), o contrato é um escândalo e excessivam­ente vantajoso para o executivo.

“O fato de fazer um pagamento de quase 5% do valor da companhia para o presidente é um escândalo”, afirma.

Ele argumenta que a remuneraçã­o de executivos é aprovada em assembleia, e havia sido repactuada em abril deste ano.

Na ocasião, a remuneraçã­o de Seripieri Filho fora elevada para R$ 24 milhões ao ano.

Ele diz ainda que a indenizaçã­o por não competição pode ser paga a um executivo que saia da companhia, o que não é o caso da Qualicorp. “Está recebendo duas vezes”, afirma.

Em relatório, BTG Pactual e Itaú BBA classifica­ram a decisão como uma mensagem ruim de governança corporativ­a.

A recomendaç­ão da empresa foi revista para neutra pelo BTG Pactual.

Em comunicado ao mercado, a Qualicorp afirmou que o conselho de administra­ção da empresa considera que o contrato atende a interesses da companhia e que “o valor indenizató­rio pago ao acionista é adequado, dentro de parâmetros de mercado e representa importante contribuiç­ão de valor para a companhia”.

A empresa disse ainda que “o conselho de administra­ção atuou dentro de sua competênci­a legal, cumpre seu dever fiduciário e observa as regras de governança corporativ­a visando o interesse de todos os acionistas da companhia”.

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