Folha de S.Paulo

Recessão se prolongará, diz ministro argentino

Chefe da Economia reconhece problemas do país e ainda destaca seca e volatilida­de internacio­nal como complicado­res

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A Argentina atravessa uma recessão que se prolongará por um tempo, afirmou nesta terça-feira (2) o ministro da Economia, Nicolás Dujovne. “Há algo que é inevitável: estamos atravessan­do uma recessão”, afirmou ele à rádio La Red.

Dujovne atribuiu a situação do país a um conjunto de eventos ocorridos neste ano.

Entre eles, citou a seca, que afetou a produção agrícola, seu principal produto de exportação, e a volatilida­de internacio­nal, que levou à saída de fundos de países emergentes e que atingiu o país com força.

O ministro tratou ainda do que chamou de crise dos cadernos, referindo-se à investigaç­ão de suposto pagamento de propinas nos governos de Néstor e Cristina Kirchner (2003-2015), que envolve empresário­s.

“Não são eventos que podemos minimizar e temos de conviver com os efeitos dos choques que atravessam­os”, afirmou Dujovne.

A Argentina acabou de assinar um acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacio­nal) para a extensão de um crédito a US$ 57 bilhões (R$ 225,14 bilhões).

O acordo inicial, acertado em junho, previa um socorro financeiro de US$ 50 bilhões (R$ 197,5 bilhões).

Na semana passada, o fundo e o governo Mauricio Macri anunciaram o novo valor.

Para conseguir mais recursos, o presidente argentino prometeu alcançar em 2019 equilíbrio fiscal primário (antes do pagamento de juros da dívida), quando para este ano o déficit projetado é de 2,7%.

Dujovne enalteceu o trabalho de Macri na condução da crise. “O importante é que temos um piloto da tempestade, o presidente”, disse o ministro argentino.

“Sabemos que temos meses difíceis pela frente, assim como os meses que passamos desde abril foram meses difíceis, mas também sabemos que sem essas medidas eles teriam sido muito mais duros, que conseguimo­s evitar uma crise”, afirmou ele.

Também nesta terça o banco central argentino informou que economista­s estimaram que a inflação subirá a 44,8% em 2018, ante previsão de 40,3% em setembro. A pesquisa é realizada mensalment­e pela autoridade monetária.

Economista­s esperam ainda que o PIB (Produto Interno Bruto) argentino tenha uma contração de 2,5% no fim deste ano. A estimativa anterior, feita no mês passado, era de queda de 1,9%.

Analistas do BC do país vizinho previram que o peso argentino iria se depreciar para uma média de 43 pesos por dólar em dezembro.

A moeda argentina perdeu mais de 50% de seu valor contra o dólar neste ano até agora.

Entre as medidas para conter a crise, o BC mantém a taxa básica de juros na Argentina em 60% ao ano.

Ela deverá ficar neste patamar até o fim do ano por causa da pressão inflacioná­ria.

Além da alta de preços e da desvaloriz­ação do peso, a Argentina enfrenta também problemas sociais.

Na semana passada, Macri anunciou que o índice oficial da pobreza no país aumentou no primeiro semestre. Foi de 25%, no segundo semestre do ano passado, a 27,3%.

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