Economia americana corre risco com guerra comercial, afirma BC dos EUA
Disputa travada por Trump ameaça desequilibrar relação entre emprego e inflação, diz Powell
As disputas comerciais trazem riscos para a economia americana, afirmou o presidente do banco central dos Estados Unidos, Jerome Powell, nesta terça-feira (2).
Segundo ele, a guerra comercial travada pelo presidente americano, Donald Trump, ameaça a dinâmica entre emprego e inflação —relação estabelecida na teoria econômica pela curva de Phillips.
Na curva de Phillips é possível identificar a conexão entre desemprego baixo e aumento de pressões inflacionárias.
As declarações de Powell foram dadas durante encontro anual de uma associação de economistas em Boston, Massachusetts.
Ele identificou três riscos associados à dinâmica entre emprego e inflação.
“Devemos considerar o fortalecimento de economias no exterior, os efeitos internos e questões de estabilidade financeira”, disse.
Powell, porém, não detalhou o impacto que cada um desses fatores teria sobre a economia americana.
No discurso, ele citou os esforços do Federal Reserve (Fed, banco central americano) para promover o máximo do emprego sempre com estabilidade de preços.
O desemprego nos Estados Unidos está em 3,9%. A inflação se mantém próxima da meta, fixada pela autoridade monetária em 2% ao ano.
Segundo Powell, graças às medidas adotadas pelo Fed, que incluem três altas de juros apenas em 2018, “a economia parece ir muito bem.”
“Nossa política de normalização gradual de taxas de juros reflete os esforços para equilibrar riscos inevitáveis, que decorrem de tempos extraordinários, assim como manter a atual expansão, enquanto alcançamos o máximo emprego e inflação baixa e estável”, disse.
A última elevação na taxa americana ocorreu na quartafeira (26). Os juros ficaram na faixa entre 2% e 2,25% ao ano.
A decisão de política monetária foi criticada no mesmo dia pelo presidente americano. Trump disse que “o dinheiro poderia ser usado para outras coisas”.
No encontro, Powell se propôs a discutir se a curva de Phillips tinha “morrido”, no sentido de não relacionar propriamente desemprego baixo e pressão inflacionária.
“O que é mais provável, na minha visão, é que muitos fatores, incluindo uma melhor condução da política monetária nas últimas décadas, diminuíram enormemente, mas não eliminaram, a pressão que o mercado de trabalho mais robusto tem sobre a expansão da inflação”, afirmou Powell aos presentes.
No discurso, ele ressaltou as condições econômicas encontradas atualmente nos Estados Unidos, “um panorama marcadamente positivo”.
“Desde 1950, a economia americana experimentou período de inflação baixa e estável e períodos de desemprego muito baixo, mas nunca ambos por um tempo tão extenso como visto nessas projeções”, afirmou.
A explicação para isso é que, se o desemprego permanecesse baixo por tanto tempo, os empregadores estariam oferecendo salários maiores enquanto competem por trabalhadores escassos.
O aumento dos custos trabalhistas levaria a uma aceleração dos preços cobrados dos consumidores.
Em meio à guerra comercial, na segunda (1º), Trump atacou o Brasil publicamente pela primeira vez. Ele disse que o país trata “injustamente” as empresas dos EUA.