Executivo troca comando do Facebook por uma startup
Diego Dzodan agora investe em aplicativo de manicure, massagem e delivery
Da varanda do coworking no qual o executivo Diego Dzodan, 48, começou a trabalhar na segunda-feira (1º), é possível ver o prédio que ele deixou para trás na última semana, o escritório do Facebook no Itaim Bibi, em São Paulo.
Em vez de cinco andares com centenas de profissionais, Dzodan, que chefiava a companhia na América Latina, agora comanda uma startup com 13 pessoas agrupadas em uma sala triangular, com duas bancadas e uma mesa central.
A mudança, diz o executivo, não é resultado de problema no emprego anterior, mesmo que o Facebook esteja passando por seus anos mais difíceis, em razão de vazamentos de dados privados ou discussões sobre seu papel na disseminação de notícias falsas.
Segundo ele, uma grande oportunidade o fez abrir mão do cargo de destaque para iniciar algo do zero. E, a partir da startup, afirma, o impacto que irá gerar na vida das pessoas pode ser maior do que antes.
Seu negócio, o aplicativo Faci.ly, conecta clientes e prestadores de serviços autônomos. Começou pelo segmento de beleza, com serviços como manicure, depilação e tem como meta expandir para outras atividades.
A ideia, diz Dzodan, veio de uma pesquisa feita com sua mulher, Ingrid Macedo, que buscava uma nova carreira após ter o segundo filho.
Eles perceberam que consumidores têm cada vez menos tempo, e profissionais buscam mais flexibilidade.
O serviço foi lançado em julho em São Paulo, com investimentos do próprio Dzodan. Funciona em São Paulo, Rio de Janeiro e, a partir desta semana, Belo Horizonte.
Porém o conceito não é novo no mercado brasileiro. Há três anos empresas como Singu, Make You e TapGlam já fazem exatamente isso por aqui.
Dzodan diz que, mesmo sem ser o primeiro a chegar ao segmento, o momento do lançamento da empresa é o ideal. “O amadurecimento desse tipo de modelo de negócios está se aproximando de um ponto ótimo”, afirma.
“Se você entra nesses mercados muito cedo, tem de fazer um investimento grande para empurrar a solução. Se chega tarde, a concorrência dificulta ser o líder”, diz.
Mesmo que esteja em expansão, o segmento em que a empresa estreia é repleto de desafios, segundo os empreendedores que já estão nele.
Para Pamela Doratioto, sócia do TapGlam, o maior problema é convencer as mulheres a trocar o salão pelos apps.
Outra preocupação de quem está no segmento, segundo Tallis Gomes, que comanda o Singu, é garantir a fidelidade de clientes e profissionais ao aplicativo. Segundo ele, é comum que, após se conhecerem, eles troquem contato e passem a agendar atendimentos sem o app.
João Hannud, fundador e presidente da Make You, busca manter profissionais por meio de treinamentos e benefícios. Para fazer parte do time, cabeleireiros, maquiadores e manicures passam por entrevistas, testes e cursos.
Ao mesmo tempo em que quer ganhar espaço no setor de beleza, o Faci.ly já se prepara para expandir suas operações para outros segmentos.
Nesta semana, o app começa a permitir compra de comida em restaurantes, entregue por motoboys cadastrados.
Novas frentes devem vir conforme a companhia se consolide, passando a concorrer com as startups de “entrega de tudo”, como Rappi e Glovo, que receberam mais de US$ 100 milhões (R$ 395 milhões) em investimentos neste ano.