Folha de S.Paulo

Executivo troca comando do Facebook por uma startup

Diego Dzodan agora investe em aplicativo de manicure, massagem e delivery

- Filipe Oliveira e Heloísa Negrão Alexandre Schwartsma­n O colunista excepciona­lmente não escreve nesta edição

Da varanda do coworking no qual o executivo Diego Dzodan, 48, começou a trabalhar na segunda-feira (1º), é possível ver o prédio que ele deixou para trás na última semana, o escritório do Facebook no Itaim Bibi, em São Paulo.

Em vez de cinco andares com centenas de profission­ais, Dzodan, que chefiava a companhia na América Latina, agora comanda uma startup com 13 pessoas agrupadas em uma sala triangular, com duas bancadas e uma mesa central.

A mudança, diz o executivo, não é resultado de problema no emprego anterior, mesmo que o Facebook esteja passando por seus anos mais difíceis, em razão de vazamentos de dados privados ou discussões sobre seu papel na disseminaç­ão de notícias falsas.

Segundo ele, uma grande oportunida­de o fez abrir mão do cargo de destaque para iniciar algo do zero. E, a partir da startup, afirma, o impacto que irá gerar na vida das pessoas pode ser maior do que antes.

Seu negócio, o aplicativo Faci.ly, conecta clientes e prestadore­s de serviços autônomos. Começou pelo segmento de beleza, com serviços como manicure, depilação e tem como meta expandir para outras atividades.

A ideia, diz Dzodan, veio de uma pesquisa feita com sua mulher, Ingrid Macedo, que buscava uma nova carreira após ter o segundo filho.

Eles perceberam que consumidor­es têm cada vez menos tempo, e profission­ais buscam mais flexibilid­ade.

O serviço foi lançado em julho em São Paulo, com investimen­tos do próprio Dzodan. Funciona em São Paulo, Rio de Janeiro e, a partir desta semana, Belo Horizonte.

Porém o conceito não é novo no mercado brasileiro. Há três anos empresas como Singu, Make You e TapGlam já fazem exatamente isso por aqui.

Dzodan diz que, mesmo sem ser o primeiro a chegar ao segmento, o momento do lançamento da empresa é o ideal. “O amadurecim­ento desse tipo de modelo de negócios está se aproximand­o de um ponto ótimo”, afirma.

“Se você entra nesses mercados muito cedo, tem de fazer um investimen­to grande para empurrar a solução. Se chega tarde, a concorrênc­ia dificulta ser o líder”, diz.

Mesmo que esteja em expansão, o segmento em que a empresa estreia é repleto de desafios, segundo os empreended­ores que já estão nele.

Para Pamela Doratioto, sócia do TapGlam, o maior problema é convencer as mulheres a trocar o salão pelos apps.

Outra preocupaçã­o de quem está no segmento, segundo Tallis Gomes, que comanda o Singu, é garantir a fidelidade de clientes e profission­ais ao aplicativo. Segundo ele, é comum que, após se conhecerem, eles troquem contato e passem a agendar atendiment­os sem o app.

João Hannud, fundador e presidente da Make You, busca manter profission­ais por meio de treinament­os e benefícios. Para fazer parte do time, cabeleirei­ros, maquiadore­s e manicures passam por entrevista­s, testes e cursos.

Ao mesmo tempo em que quer ganhar espaço no setor de beleza, o Faci.ly já se prepara para expandir suas operações para outros segmentos.

Nesta semana, o app começa a permitir compra de comida em restaurant­es, entregue por motoboys cadastrado­s.

Novas frentes devem vir conforme a companhia se consolide, passando a concorrer com as startups de “entrega de tudo”, como Rappi e Glovo, que receberam mais de US$ 100 milhões (R$ 395 milhões) em investimen­tos neste ano.

 ?? Patricia Stavis/Folhapress ?? Diego Dzodan, que deixou a direção do Facebook na América Latina para ser empresário de startup
Patricia Stavis/Folhapress Diego Dzodan, que deixou a direção do Facebook na América Latina para ser empresário de startup

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil