Folha de S.Paulo

Bolsa tem pregão do ano e ‘bancos disparam’ com salto da ‘extrema direita’

- Nelson de Sá nelson.sa@grupofolha.com.br

Antes mesmo do Datafolha, veículos como Financial Times e o canal financeiro CNBC destacavam o “maior salto em meses” na Bovespa e a queda no dólar em resposta à “ampliação da liderança do candidato de extrema direita” no Ibope.

No dizer do banco de investimen­to Goldman Sachs, ouvido pelo FT, “isso é claramente favorável a Bolsonaro, e os mercados reagiram positivame­nte”.

No Brasil, o Valor Econômico falou em “euforia”. E o Infomoney, da XP Investimen­tos, destacou enunciados como “melhor pregão do ano com Bolsonaro em alta”, “bancos disparam”, “dólar desaba”, além da pergunta, em título: “Bolsonaro vencendo no primeiro turno?”.

O hoje analista William Waack, do Infomoney, chamou a atenção para a alta na rejeição do “candidato indicado pelo presidiári­o” e afirmou: “A onda antipetism­o está crescendo, difusa e enorme”.

PRESIDIÁRI­O, BANDIDO Ecoou ao longo do dia, por New York Times e outros, o que o título da Reuters noticiou como “Juiz brasileiro libera depoimento danoso ao PT dias antes da votação”. A delação foi parar na propaganda do PSDB. Paralelame­nte, no Instagram, a mulher do juiz Sergio Moro postou seguidas vezes contra “votar em bandido”, como noticiou a Folha. E até a filha do comandante do Exército, general Villas Bôas, como noticiou O Globo, entrou em campanha contra “presidiári­o mandando” no país.

PRISIONEIR­O POLÍTICO Veículos à esquerda nos EUA, como The New Republic e Boing Boing, publicaram artigos em defesa do voto em Haddad, com fotos e enunciados como “O homem que separa o Brasil do autoritari­smo”, no primeiro. E o site The Intercept publicou longo texto do ativista e intelectua­l Noam Chomsky (MIT), sob o também longo título “Eu acabei de visitar Lula, o mais proeminent­e preso político do mundo. Um ‘golpe suave’ nas eleições do Brasil terá consequênc­ias globais”. Ele cobra a liberação da entrevista pedida pela Folha.

A QUEDA DO CENTRO A Foreign Affairs, revista do Council on Foreign Relations, instituiçã­o que abriu as portas para Bolsonaro nos EUA em fevereiro, publicou a análise “O declínio e a queda do establishm­ent político do Brasil”. Destaca que, “vencendo Bolsonaro ou não, uma transforma­ção está em andamento”, com o enfraqueci­mento do “centro tradiciona­l que comanda o país desde a transição da ditadura militar”. E elogia, em Bolsonaro, a “campanha inovadora baseada em uso pesado de mídia social”.

MEDO No FT, o colunista Gideon Rachman sublinhou, como fator para a ascensão do populismo de direita em países como Brasil, Filipinas, Itália e EUA, a raiva ou “ira masculina”. Seria uma reação ao crescente questionam­ento dos papéis de gênero, o que “leva homens a temer a perda de poder”. Daí Bolsonaro e o filipino Rodrigo Duterte “incorporar­em insultos sobre estupro em sua retórica política”, seguidos de perto pelo italiano Matteo Salvini, que recorre a “insultos sexuais para rebaixar” adversária­s.

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Bolsonaro, Duterte e Salvini, segundo FT, exploram ‘raiva masculina’ por perda de poder
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No Intercept, Chomsky defende ‘o mais proeminent­e preso político do mundo’
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Para Foreign Affairs, ‘establishm­ent de centro’ declina no país de Bolsonaro

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