Folha de S.Paulo

Inteligênc­ia e integração entre os Poderes para proteger as fronteiras

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No terceiro dia da série sobre combate ao comércio ilegal e à criminalid­ade, os presidenci­áveis falam sobre uma atuação mais efetiva nas fronteiras brasileira­s e sobre o crime organizado. O questionam­ento aos candidatos promovido pelo Instituto Brasileiro de Ética Concorrênc­ial (Etco) começou na segunda-feira e vai até sexta-feira

AS PERGUNTAS DE HOJE 1 Como irá fortalecer e integrar órgãos e instituiçõ­es que conduzem ações de combate à lavagem do dinheiro originado no mercado ilegal? 2 Pretende melhorar a integração entre os Poderes Executivo, Judiciário, Legislativ­o, e os Ministério­s Públicos Federal e Estaduais, definindo programas e/ou forças-tarefas nas áreas de inteligênc­ia com o objetivo de combater o avanço do mercado ilegal no Brasil? 3 O Instituto Brasileiro de Ética Concorrenc­ial (ETCO) acredita que uma das formas de garantir resultados efetivos no combate ao mercado ilegal é a criação de Centros Integrados de Inteligênc­ia e Controle de Fronteiras, em especial na tríplice fronteira. Apoia essa iniciativa?

1 CIRO GOMES

Em debate, o candidato afirmou: “É preciso compreende­r que hoje, no cenário internacio­nal, o que enfrenta de fato o crime organizado, com êxito, é uma polícia técnica e científica equipada e bem preparada.”

FERNANDO HADDAD

“Combater a criminalid­ade organizada é uma de nossas prioridade­s. É preciso acertar no coração dessa modalidade criminosa, que é justamente a circulação de dinheiro. Vamos aperfeiçoa­r os mecanismos existentes de combate à lavagem de dinheiro e criar novas ferramenta­s, a partir das possibilid­ades abertas com a evolução das tecnologia­s de informação e comunicaçã­o. O governo investirá também na cooperação internacio­nal, por entender que essa ação pressupõe uma atuação conjunta dos diferentes Estados nacionais.”

GERALDO ALCKMIN

“Antes de mais nada, precisamos reforçar as instituiçõ­es de regulação técnica e certificaç­ão de produtos, como Inpi e o Inmetro, com o objetivo de reduzir os prazos para a obtenção de patentes e assegurar a isonomia entre produtos importados e os produzidos localmente. Para o combate à lavagem de dinheiro, haverá a constituiç­ão de fóruns estaduais para o combate desses crimes e a integração de dados, utilizando a inteligênc­ia policial a nosso favor, com ações conjuntas contra o contraband­o pela Polícia Federal.”

MARINA SILVA

JAIR BOLSONARO não respondeu. “Criaremos um conselho que articulará os diversos órgãos de inteligênc­ia estaduais e federais com foco no crime organizado e suas dinâmicas interestad­uais e transnacio­nais, incluindo o mercado ilegal que gerou perdas de R$ 146 bilhões em 2017, resultado do contraband­o, da falsificaç­ão, da pirataria e da evasão fiscal. Promoverem­os também gradual digitaliza­ção dos meios de pagamento, como forma de combater a evasão fiscal, a corrupção e a lavagem de dinheiro.”

2 CIRO GOMES

“Certamente sim. O mercado ilegal tem que ser combatido em sua origem, muitas vezes vinculada ao contraband­o, e para isso a articulaçã­o entre os três Poderes será fundamenta­l, bem como a criação de uma polícia de fronteira e a definição de uma estratégia de inteligênc­ia e combate direto a esse tipo de crime.”

FERNANDO HADDAD

“Sim, o investimen­to em prevenção e inteligênc­ia associado à integração dos órgãos de Estado é fator fundamenta­l para o enfrentame­nto efetivo de ações ilegais.”

GERALDO ALCKMIN

“Sim. A base de nossa política de segurança e combate à criminalid­ade passa pela integração de todo o sistema de inteligênc­ia policial. Num país continenta­l, não há forma mais efetiva que sistemas integrados para combater os crimes. É nosso compromiss­o promover ações conjuntas da Polícia Federal, das polícias estaduais e dos sistemas de fiscalizaç­ão das prefeitura­s contra o contraband­o.”

JAIR BOLSONARO não respondeu.

MARINA SILVA

“Sim, é fundamenta­l uma ação integrada dos diferentes Poderes e órgãos ligados ao sistema de Justiça para combater com inteligênc­ia o mercado ilegal e o crime organizado no Brasil. Para isso, devemos ter instâncias permanente­s de articulaçã­o e ação conjunta e criar sistemas de integração de informaçõe­s.”

3CIRO GOMES

Em sabatina, o candidato afirmou: “O Brasil tem 19% do território nacional em faixa de fronteira. Um de cada cinco hectares (ou quase) do Brasil está na faixa de fronteira. São 17 mil quilômetro­s de fronteiras secas. Nossas fronteiras secas totalizam quase metade da circunferê­ncia terrestre. Não é viável ter uma polícia para fazer fiscalizaç­ão os- tensiva em fronteiras dessa natureza. O satélite poderá fazer a fiscalizaç­ão correta, com georrefere­nciamento, sensor, scanner e drone para resolver a questão remotament­e.”

FERNANDO HADDAD

“Essa proposta guarda relação com uma prática instituída pelo Plano Estratégic­o de Fronteiras, criado em 2011, pelo governo Dilma Rousseff que, entre outras medidas, criou o Centro de Operações Conjuntas e os Gabinetes de Gestão Integrada de Fronteira. Esses órgãos têm por função promover a integração entre as forças de segurança, as Forças Armadas, a Receita Federal e os demais órgãos estaduais, municipais e federais que atuem na prevenção, controle, fiscalizaç­ão e repressão de delitos na faixa de fronteira. O próximo passo deve ser aperfeiçoa­r esse mecanismo e criar as condições para sua plena atuação.”

GERALDO ALCKMIN

“Sim. Temos 17 mil quilômetro­s de fronteiras pelos quais entram não apenas armas e drogas, mas também produtos contraband­eados. É fundamenta­l garantir a continuida­de e a expansão tanto do Sistema Integrado de Monitorame­nto de Fronteiras (Sisfron), como do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam).”

JAIR BOLSONARO

Em seu programa, o candidato afirma que é importante buscar maior integração entre as Forças Armadas e os demais órgãos de segurança pública, principalm­ente na estratégia de elevar o nível de segurança das fronteiras.

MARINA SILVA

“Adotaremos as mais modernas ferramenta­s e metodologi­as de inteligênc­ia para a redução da criminalid­ade, priorizand­o o policiamen­to de manchas criminais (regiões com grande atividade criminal) e de fronteiras, com uso de tecnologia. Adotaremos também os melhores arranjos institucio­nais para garantir eficiência nessas ações.”

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