Alckmin e Marina têm voto menos convicto
Metade dos eleitores do tucano pode mudar de candidato; Bolsonaro só ganharia no 1º turno se rivais tivessem queda
Cerca de 48% dos eleitores de Geraldo Alckmin (PSDB) e 62% dos eleitores de Marina (Rede) podem ainda mudar seu voto. Apoiadores de Ciro Gomes (PDT) também não estão tão convictos: 43% cogitam trocá-lo.
Segundo o Datafolha divulgado nesta terça (2), os eleitores mais convictos são os que declararam voto em Jair Bolsonaro (PSL): 84% deles dizem que estão totalmente decididos a votar no capitão reformado neste domingo (7).
O ex-prefeito Fernando Haddad (PT) também tem alta taxa de fidelidade: 82% dos que preferem o petista dizem estar certos dessa decisão.
É de 26% o índice de eleitores de Ciro Gomes que, se desistirem do pedetista, cogitam votar em Haddad; 20% dos eleitores de Marina também veem Haddad como uma segunda opção; 21% dos de Alckmin pensam em votar em Marina e 20%, em Bolsonaro.
Na pesquisa geral, Ciro tem 11% da preferência do eleitorado; Alckmin, 9%, e Marina, 4%. Ciro e Alckmin estão empatados tecnicamente em terceiro lugar nas intenções de voto, levando em conta a margem de erro de 2 pontos.
Bolsonaro, com 32%, e Haddad, com 21%, lideram.
O deputado federal voltou a abrir distância em relação a seus adversários, mas ainda não se aproximou de uma vitória em primeiro turno.
Por enquanto, o cenário é considerado improvável, mas pode mudar na reta final e dependerá da resistência dos outros candidatos. O presidenciável do PSL atingiu 38% dos votos válidos. Para chegar a 50% e fechar a disputa no domingo, Bolsonaro precisaria esvaziar o eleitorado de seus rivais.
Até agora, os adversários do deputado mantiveram trajetória relativamente estável. Nos últimos dias, Haddad, Ciro, Alckmin, Marina e os demais continuaram nos mesmos patamares ou tiveram apenas variações negativas dentro da margem de erro.
Nas pesquisas anteriores, as maiores quedas foram observadas para Ciro e Marina. Quem mais se beneficiou, porém, foi Haddad —embora o candidato do PSL tenha atraído uma fatia do eleitor antipetista de Marina.
Para atingir a marca que lhe daria a vitória antecipada, Bolsonaro precisaria receber até o próximo domingo uma transfusão de votos considerada grande, equivalente a 12 pontos percentuais entre os votos válidos.
Isso seria possível, por exemplo, se todos os eleitores de Marina, Henrique Meirelles (MDB), João Amoêdo (Novo) e Alvaro Dias (Podemos) se transferissem para o deputado do PSL.
Bolsonaro depende dessa migração porque a taxa de votos brancos e nulos já caiu para 8% (próximo do patamar histórico) e há apenas 5% de indecisos disponíveis.
Uma mudança intensa do cenário ainda é classificada como “muito improvável” por Mauro Paulino, diretor-geral do Datafolha, mas não pode ser descartada. As próximas pesquisas apontarão se Bolsonaro conseguirá atrair eleitores dos demais candidatos.
Em votos totais (incluindo brancos, nulos e indecisos), Bolsonaro aparece com 32% na pesquisa mais recente.
Paulino aponta que um candidato precisaria de 43% a 45%, considerado o índice histórico de votos brancos e nulos, próximo de 10%.
Márcia Cavallari, CEO do Ibope, afirma que é necessário aguardar as próximas pesquisas para observar um movimento simultâneo dos demais candidatos ou a manutenção de seus índices. Ela argumenta, porém, que essa tendência não surgiu até agora.
“Seria preciso um esvaziamento de todos os candidatos, no Brasil inteiro. Em um país com essas dimensões, não bastaria um movimento concentrado em uma cidade só, como ocorreu com João Doria em São Paulo em 2016”, diz Cavallari.
“Em uma capital, a informação corre com mais rapidez e permite movimentos assim.”