Folha de S.Paulo

Por divisão de verbas, times cogitam esvaziar Copa do Nordeste-2019

Equipes com mais recursos reclamam do valor prometido, e clubes pequenos veem injustiça na divisão do montante

- Alex Sabino

Enquanto o sorteio dos grupos da Copa do Nordeste era realizado na quintafeir­a (4), em Maceió, os clubes classifica­dos para a competição travavam uma disputa por dinheiro nos bastidores.

As equipes maiores, que ficaram com a principal fatia dos recursos do torneio, reclamavam que o valor recebido é baixo. O Bahia, tricampeão (2017, 2002 e 2001) e finalista da última edição, ameaçava não participar neste ano.

Por sua vez, os clubes que vão receber as menores quantias se queixavam de injustiça na divisão dos recursos. Em conversas com a reportagem, dirigentes disseram considerar a possibilid­ade de colocar em campo seus times sub-20.

“O valor é muito baixo. O que recebemos é cerca de 3% do nosso orçamento anual. O torneio precisa encontrar formas de gerar mais receita”, disse o presidente do Vitória, Ricardo David, que, assim como Bahia, Ceará e Santa Cruz, irá embolsar R$ 1,9 milhão para jogar o torneio de 2019.

Esse é o grupo que vai receber a maior quantia.

O dinheiro arrecadado pela Liga do Nordeste (responsáve­l pela área comercial do campeonato) foi dividido por quatro grupos com quatro clubes cada um. O grupo 4, composto por CSA, Sergipe, Altos e Moto Club, é o que receberá o menor valor. Cada clube ficará com R$ 510 mil.

“Nossa proposta é que o dinheiro seja distribuíd­o igualmente. Cada um dos 16 times ficaria com R$ 1,26 milhão. Seria mais justo e ajudaria o desenvolvi­mento do futebol na região”, diz o presidente licenciado do CSA, Rafael Tenório.

O orçamento para o torneio em 2019 está em torno de R$ 30 milhões e engloba a arrecadaçã­o de recursos com a CBF, patrocinad­ores do torneio e os direitos de TV adquiridos pelo canal SBT.

O clube alagoano é o que lidera as reclamaçõe­s dos que vão embolsar as menores cotas. O raciocínio é que no próximo ano a Copa do Nordeste poderá ser muito deficitári­a para o CSA, que está no G4 da Série B e se tornou um dos favoritos para subir à elite.

Para dirigentes da Liga do Nordeste, o problema é o parâmetro usado pelos clubes. Times da Série A, que recebem mais dinheiro, não veem a Copa do Nordeste como grande atrativo. Já para os que estão na Série C, por exemplo, sem ajuda de custo da CBF ou dinheiro das emissoras, o campeonato é importante.

“O dinheiro da Copa do Nordeste representa o dobro da cota que recebemos do Pernambuca­no. Eu não posso ter o mesmo raciocínio dos clubes que estão na Série A”, afirma o presidente do Santa Cruz, Constantin­o Júnior.

Equipes que estão no grupo 3 (Fortaleza, Botafogo-PB, Salgueiro e Confiança) e 4 se queixam que a decisão das cotas foi resultado de negociaçõe­s de bastidores lideradas por Bahia e Vitória. Os demais teriam sido excluídos ou não tiveram tempo para debater.

A Liga do Nordeste afirma que a forma de divisão dos valores arrecadado­s foi colocada em votada pelos clubes e que prevaleceu a vontade da maioria: divisão em quatro grupos de valores distintos.

Em reunião realizada em São Paulo com executivos do SBT, no mês passado, cartolas do Bahia reclamaram dos valores pagos e ameaçaram não participar do torneio.

A desistênci­a complicari­a a fórmula de disputa, que se apoia em clássicos regionais para tornar a primeira fase mais atrativa. Bahia e Vitória, Santa Cruz e Náutico, Fortaleza e Ceará, por exemplo, foram divididos de forma que jogarão uns contra os outros.

Bahia e Vitória querem incluir a Copa do Nordeste em seus pacotes de pay-per-view. Isso, porém, exige negociação com a Globo, que não se interessou em transmitir o torneio de 2018 e viu os direitos em TV aberta serem comprados pelo SBT por cerca de R$ 5 milhões. O canal também mostrará jogos em 2019, apenas nas afiliadas do Nordeste.

Os jogos também serão mostrados ao vivo pelo Esporte Interativo no Facebook. A Copa do Nordeste ainda não tem calendário definido, mas será disputada no primeiro semestre de 2019.

“Nossa proposta é que o dinheiro seja distribuíd­o igualmente. Cada um dos 16 times ficaria com R$ 1,26 milhão. Seria mais justo e ajudaria o desenvolvi­mento do futebol na região Rafael Tenório presidente licenciado do time CSA

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