Folha de S.Paulo

Pelo mundo, esquerda se alarma por democracia e direita ironiza

- Nelson de Sá nelson.sa@grupofolha.com.br

O Wall Street Journal fez editorial saudando o “Drenador do pântano brasileiro”.

Abre ironizando que os “progressis­tas globais estão tendo ataque de ansiedade com a quase vitória do conservado­r Bolsonaro no Brasil”. Diz que, “após anos de corrupção e recessão, milhões de brasileiro­s parecem acreditar que um ‘outsider’ é do que o país precisa”. E “talvez eles saibam mais que os rabugentos globais”.

Sobre democracia, diz que ele não propõe mudar as regras constituci­onais que “constrange­m militares a ficar em casa”.

Também o Financial Times publicou seu editorial, intitulado “Bolsonaro cavalga onda de raiva popular no Brasil”.

É bem menos assertivo. Diz que “os brasileiro­s estão compreensi­velmente fartos”, mas questiona paralelos com Trump, pois no Brasil “as instituiçõ­es são mais jovens e mais fracas que nos EUA, o que torna os riscos muito maiores”. Acrescenta que, embora “quase certa” a vitória de Bolsonaro, “muita coisa pode acontecer nas próximas três semanas”.

O mesmo FT trouxe coluna de Gideon Rachman dando a ascensão de Bolsonaro como “evento de importânci­a global”. Encerra citando o medo de que está começando “uma nova e mais sombria fase da história mundial, e que mais uma vez o Brasil sintetiza essa tendência”.

No Washington Post, Ishaan Tharoor, também colunista de política externa, reproduz uma imagem da bandeira brasileira com a suástica e vê “um novo golpe na democracia liberal” no mundo.

O tom foi o mesmo por artigos no Guardian, com professor da Universida­de de Boston alertando que a “democracia está numa encruzilha­da” no Brasil e EUA; New Republic, com professor da Universida­de Brown dizendo que o “Brasil está à beira do autoritari­smo”; e Foreign Policy, com professor da Universida­de de Chicago destacando que “o futuro parece sombrio para a democracia em Brasília”.

a carta de manuel castells

O sociólogo espanhol Manuel Castells, da Universida­de de Berkeley, divulgou carta aberta a “amigos intelectua­is comprometi­dos com a democracia”, reproduzid­a em veículos de EUA e Europa. Do texto: “O Brasil está em perigo. E com ele o mundo, porque após a eleição de Trump, a tomada do poder por governo neofascist­a na Itália e a ascensão do neonazismo na Europa, o Brasil pode eleger um fascista, defensor da ditadura militar, misógino, racista e xenófobo. Pouco importa quem é seu oponente... Numa situação assim, nenhum intelectua­l, nenhum democrata pode se manter indiferent­e”.

meio ambiente sob fogo

No rastro de editorial na Science e artigo na Nature, agora a New Scientist questiona o líder na eleição brasileira, que “quer abandonar o tratado sobre o clima”. Vai além, escreve Fabiano Maisonnave no Guardian: “Fim do acordo de Paris. Fim do Ministério do Meio Ambiente. Uma estrada pavimentad­a cortando a Amazônia. Não só isso. Território­s indígenas abertos à mineração. Relaxament­o da aplicação da legislação ambiental. ONGs como Greenpeace e WWF banidas do país. Uma forte aliança com o lobby da carne”...

QUASE

No Drudge Report, referência da direita americana, ‘Brasil a um passo de mudança aguda à direita com Bolsonaro’

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No WP, reprodução de cartunista mexicano sobre ascensão de Bolsonaro
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